Documentário coproduzido pelo Instituto Terra e Memória ganha prémio em Espanha
Mação, Santarém, 10 mai (Lusa) - O documentário "HandPas - Mãos do Passado", coproduzido pelo Instituto Terra e Memória, de Mação, ganhou o Viriato de Prata no II Festival de Cinema Arqueológico de Castilla e Leão, que decorreu entre 5 e 7 de maio.
Em nota de imprensa, a organização do festival espanhol, realizado em Zamora, refere que o documentário audiovisual foi reconhecido pelo seu "amplo trabalho de compilação gráfica e investigação científica, assim como pela sua qualidade técnica e capacidade de difusão e divulgação junto do grande público".
O projeto foi liderado pela Junta da Extremadura e contou com a participação de investigadores de Itália e Portugal, nomeadamente do Instituto Terra e Memória (ITM).
Luiz Oosterbeek, do ITM e do Instituto Politécnico de Tomar (distrito de Santarém), disse à agência Lusa que o documentário, de cerca de 30 minutos, "convida a regressar à Pré-História para compreender o significado das pinturas de mãos na dinâmica dos territórios e fronteiras entre comunidades humanas de neandertais e de humanos modernos (Sapiens), no Paleolítico Superior".
O objetivo é perceber como viviam e comunicavam os antepassados do Homem, "com o apoio de dados científicos e reconstruções cénicas e teatrais".
"Estes motivos emergem em comunidades de homens anatomicamente modernos, discutindo-se como se estruturaram as fronteiras e os intercâmbios entre estes e os anteriores povoadores europeus neandertais", acrescentou Luiz Oosterbeek.
O documentário "HandPas - Mãos do Passado" contou com a experiência de vários anos da equipa de Arqueologia Experimental e de Arte Rupestre do Instituto Terra e Memória e Museu de Arte Pré-Histórica de Mação.
A equipa do ITM, liderada por Pedro Cura, Sara Garcês e Luiz Oosterbeek, foi responsável pela recriação de todo o cenário de acampamento ao ar livre e em gruta de homo sapiens e neandertais, as duas espécies representadas.
A discussão científica levantada tenta compreender quando, onde e quem realizou a arte paleolítica europeia e levantar questões sobre a sua conservação, datação, técnicas e interpretação.
Os arqueólogos portugueses foram os responsáveis pela criação de vários cenários, como, por exemplo, um acampamento ao ar livre com cerca de 35.000 anos, com cabanas, roupas, adornos, armas e fogueiras.
"A nossa experiência ao nível do estudo da arqueologia pré-histórica e conhecimentos dos factos e realidades de então levou a que nos convidassem para recriar o modo de vida de uma tribo, no seu dia-a-dia. Montámos um acampamento ao ar livre, recriámos um ritual xamânico e cenas de pintura nas paredes dentro de uma gruta, com um grupo de pessoas pertencentes à mesma tribo", disse à agência Lusa a arqueóloga Sara Garcês.
Realizado pela produtora Libre Producciones, o documentário científico foi gravado na localidade de Fuentes de León (Extremadura espanhola), no âmbito do projeto europeu "HandPas - Hands from the Past - Mãos do Passado".
NO local encontram-se as Cuevas de Fuentes de León, conjunto de grutas com ocupações pré-históricas.
O filme apresenta o contexto, a cronologia, as técnicas e os possíveis significados destas simbologias, e é uma produção conjunta da Junta de Extremadura, do ITM e do Centro de Estudos e Museu de Arte de Pinerolo (Itália), com apoio da Comissão Europeia e coordenação geral de Hipólito Collado (investigador do ITM em Portugal e diretor de Arqueologia na Extremadura em Espanha).
As versões em português, inglês, espanhol e italiano do documentário estarão brevemente disponíveis na Internet, assim como uma versão infantil em espanhol e inglês que permitirá uma difusão do trabalho desenvolvido entre o público escolar
No dia 17 de maio, quarta-feira, às 16:00, será feita uma apresentação pública na Sociedade de Geografia de Lisboa.