Documentário recria expedição do jesuíta António Andrade ao Tibete em 1624

por © 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

A expedição do primeiro europeu a chegar ao Tibete, em 1624, o português António de Andrade, vai ser recriada em documentário, disse à Agência Lusa o realizador Jorge Fialho.

O argumento vai seguir o percurso feito pelo padre jesuíta para promover a religião cristã, com as filmagens a começarem na vila onde nasceu, Oleiros, no distrito de Castelo Branco, seguindo depois para a Índia, recordando a caminhada até ao Lago Mansovar, no Tibete.

"O documentário pretende relatar as dificuldades de António de Andrade na travessia dos Himalaias, a 5.604 metros de altitude. Lutou contra o frio, a neve, falta de alimentos e desconfiança dos locais. Uma viagem que ainda hoje é um risco", disse Jorge Fialho.

Segundo o realizador, a expedição enquadra-se no "pioneirismo português" dos Descobrimentos da época, "mas por terra, em vez de por mar".

Por outro lado, a partir das descrições nos diários de viagem de António de Andrade, geólogos vão relacionar a génese da maior cordilheira montanhosa do mundo com as paisagens características Oleiros.

Carlos Carvalho, geólogo e director técnico do Geopark Naturtejo, é um dos elementos que vai integrar a equipa responsável pelo documentário.

António de Andrade "foi o português que pela primeira vez descreveu para o Ocidente as paisagens do Tibete e sentiu a universalidade dos processos de construção de montanhas", afirmou o geólogo, acrescentando que "é por isso que esta história serve de ligação entre o único geoparque de Portugal e a China, onde existem 18", refere.

O documentário surge na sequência de um outro em rodagem sobre o Geopark Naturtejo (região de interesse pelas formações rochosas e outros monumentos geológicos naturais, classificada pela UNESCO) de que o concelho de Oleiros faz parte, a par dos municípios de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Proença-a-Nova, Vila Velha de Ródão e Nisa.

Actualmente estão análise as datas mais favoráveis para filmagens na Índia e há contactos em curso com a China para chegar ao Tibete.

"Há várias etapas por ultrapassar", admitiu Jorge Fialho, acrescentando que a equipa não deverá ser constituída por mais de quatro pessoas, integrando também elementos das regiões visitadas.

O nome de António de Andrade consta de uma lápide no centro da vila de Oleiros, que em diferentes ocasiões o tem recordado, "mas esta será a homenagem com maior visibilidade", disse à Agência Lusa José Marques, presidente da Câmara local.

Segundo o autarca, já está garantida a compra do filme por estações de televisão de vários países.

O município é uma das entidades que apoia a realização do documentário.

"Nesta altura estamos ainda a tratar de alguns patrocínios", disse José Marques, admitindo que as filmagens possam arrancar até final do ano.

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