Duas novas traduções de "Dom Quixote" nas livrarias em Abril e Maio
A nova edição de "Dom Quixote", de Cervantes, traduzida e anotada pelo poeta José Bento, vai chegar às livrarias no início de Maio, revelou a Relógio D`Água, sublinhando que as ilustrações são de Lima de Freitas.
"José Bento é o nosso principal tradutor de espanhol, tanto em poesia como em prosa", assinala a editora, acrescentando que "ele próprio poeta traduzido em Espanha, divulgou em português os principais poetas de língua espanhola e vários dos seus romancistas".
Os trabalhos do artista plástico Lima de Freitas foram seleccionados a partir das imagens incluídas na edição do "Dom Quixote" de 1955, e parte das gravuras originais vai ser exposta na Biblioteca Nacional.
Em Janeiro, quando passaram 400 anos sobre o lançamento do volume em Portugal, José Bento declarou à Lusa ter com o livro "uma relação de toda a vida", pois leu a história pela primeira vez "há mais de 50 anos".
à data, o tradutor salientou a necessidade de encontrar o termo exacto quando se está a traduzir, esclarecendo que "as várias acepções que uma palavra pode ter na sua língua original confundem inclusivamente os especialistas na obra de Cervantes".
Além da edição que a Relógio D`Água prevê lançar no mercado, também a editora Dom Quixote - que este ano celebra o seu 40º aniversário - agendou já para o presente mês uma edição da obra de Cervantes numa tradução de Miguel Serras Pereira.
Este tradutor concluiu, no final de 2003 e após dois anos de trabalho, uma tradução do livro, que chegará agora às livrarias numa edição ilustrada com trabalhos do pintor espanhol Salvador Dalí.
"Li a obra pela primeira vez com 14 ou 15 anos, numa tradução livre de Aquilino Ribeiro, reli-a uma segunda vez numa versão dos viscondes de Castilho e de Azevedo e uma terceira já em castelhano", revelou o tradutor à Lusa em Janeiro.
"Por ser um livro do século XVII, uma das coisas que se torna mais difícil de traduzir é o `tempo` do texto; é preciso conseguir encontrar as palavras adequadas para que a narrativa não fique anacrónica nem modernista em demasia", esclareceu.
O engenhoso fidalgo D.Quixote, o cavaleiro da triste figura criado por Miguel Cervantes (1547-1616) no século XVII, foi editado em Portugal pela primeira vez a 26 de Fevereiro de 1605, após autorização do Santo Ofício, tendo sido sucessivamente reeditado.
As aventuras do cavaleiro, do seu fiel escudeiro Sancho Pança e da sua amada Dulcineia têm inspirado centenas de estudos e obras ficcionais paralelas.
Entre as traduções do livro existentes no mercado, contam-se as publicadas pela Lello Editores, Clássica Editora, Civilização, Bertrand, Publicações Europa-América e pela Vega (na colecção juvenil).