DVD de Hermínia Silva recorda aquela "que o povo adora até ao fanatismo"

por Agência LUSA

O primeiro DVD de Hermínia Silva, "uma das maiores vedetas do Fado", segundo o jornal Guitarra de Portugal, em 1945, adiantando ser aquela "que o povo adora até ao fanatismo", é hoje apresentado na Hemeroteca de Lisboa.

O DVD intitulado "Hermínia Silva, actriz e fadista", uma edição especial da RTP Vídeos, produzido pela Videofono, integra a série documental da RTP dedicada à fadista, registos de actuações suas e ainda depoimentos de várias personalidades, é dirigido por José António Crespo.

A sessão de lançamento, hoje pelas 19:00 horas, encerra a exposição patente desde o início do mês na Hemeroteca Municipal, intitulada "O Parque Mayer em revista", e o ciclo de conferências nela integrado, "Os Protagonistas do Parque", eventos coordenados pelo investigador Jorge Trigo e o actor Miguel Vila.

Hermínia Silva destacou-se como fadista, e muito cedo foi convidada para actuar na revista onde se tornou "um raro caso de sucesso", como disse à agência Lusa o investigador Vítor Duarte Marceneiro, que o ano passado editou um biografia da artista onde revelou a sua verdadeira data de nascimento.

A fadista nasceu em 1907, em Lisboa, dez anos antes do que oficialmente constava, no bairro da Mouraria.

Hermínia Silva estreou-se em 1929 na opereta "Ouro sobre Azul" na Esplanada Egípcia no Parque Mayer, em Lisboa, tendo participado em dezenas de revistas e operetas.

A sua última actuação deu-se em 1976 na revista "Cada Cor, seu Paladar, no Teatro ABC, também no Parque. Morreu a 13 de Junho de 1993, em Lisboa.

Entre os vários fados que Hermínia popularizou refira-se "Rosa enjeitada", "Gonçalo Velho", "Mãos sujas", "Velha tendinha", "É tão fresca a melancia", "Cigana", "Lisboa antiga", "Mariquinhas", "Fado da Golegã" e "Cavaleiro tauromáquico".

Em 1946 recebeu o Prémio do SNI (Secretariado Nacional de Informação) para Melhor Actriz de Comédia pela sua interpretação de "Nova Antígona", onde "parodiava" a actriz Mariana Rey Monteiro, que no Teatro Nacional protagonizava a tragédia de Sófocles.

A fadista participou também em várias películas como "Aldeia da Roupa Branca", de Chianca Garcia (1938), "O Costa do Castelo", de Artur Duarte (1943), nos filmes de Henrique de Campos "Um Homem do Ribatejo" e "Ribatejo", respectivamente de 1946 e 1949 e, em 1969, em "O Diabo era Outro", de Constantino Esteves.

Em 1985 a fadista foi agraciada com a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa, recebeu a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique e a Grã-Cruz da mesma Ordem honorífica.

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