Eça de Queiroz abre nova coleção literária a publicar em Macau e na China

Macau, China, 23 abr (Lusa) - Duas obras de Eça de Queiroz vão estar reunidas no primeiro volume de uma coleção em chinês, a ser lançada em agosto, em Macau e na China, disse à agência Lusa o vice-presidente do Instituto Cultural, Yao Jing Ming.

Lusa /

"Estamos na fase de concretização. O lançamento está previsto para agosto", afirmou hoje Yao Jing Ming, à margem de uma palestra sobre "O Livro e os Direitos de Autor".

A nova coleção, intitulada "Espelho do Mar" - um dos muitos nomes atribuídos a Macau -, resulta de um contrato assinado, este ano, entre o Instituto Cultural de Macau e a chinesa Editora de Literatura do Povo, para a coedição de autores estrangeiros em Macau e na China Continental.

"A coleção vai integrar escritores que escreveram sobre Macau, incluindo história, crónicas e ficção", disse Yao Jing Ming.

O primeiro volume da coleção contém duas obras do escritor português Eça de Queiroz: "O Mandarim" e o livro de crónicas "Chineses e Japoneses".

Eça de Queiroz (1845-1900) é dos autores portugueses mais publicado na China.

O primeiro romance de Eça de Queiroz traduzido em chinês foi "O Crime do Padre Amaro", em 1984, seguindo-se "Os Maias", "A Cidade e as Serras", "O Primo Basílio", "A Relíquia", "A Capital" e "O Mandarim".

Yao Jing Ming explicou que as obras da nova coleção serão publicadas em chinês, em duas versões diferentes para Macau e para o interior da China.

"A Editora de Literatura do Povo é muito conhecida e tem uma rede própria de distribuição. É uma experiência nova para nós (Instituto Cultural) e é uma tentativa de ultrapassar obstáculos na distribuição de livros", sublinhou.

O objetivo, segundo Yao Jing Ming, que também é poeta e tradutor de autores portugueses para língua chinesa, é publicar quatro títulos até dezembro e dar continuidade ao projeto "Espelho do Mar", no próximo ano.

"Antologia dos Viajantes Portugueses na China", com crónicas de Gaspar da Cruz, João de Barros e Fernão Mendes Pinto, escritas nos séculos XVI e XVII, será outro dos volumes da coleção, adiantou.

Durante a palestra, Yao Jing Ming referiu os constrangimentos de mercado de Macau, "onde não há indústria editoral, apenas editoras de pequena envergadura que não conseguem viver da venda dos livros e dependem dos patrocínios do Governo".

"O Governo de Macau é a maior editora de Macau. Quase todos os dias tem novas publicações. Mas nem todas deviam ser publicadas em papel. Porque não pensam em livros eletrónicos para poupar recursos?", sugeriu.

A palestra, que assinalou o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, é uma das iniciativas promovida esta semana pela Fundação Rui Cunha, no âmbito do seu segundo aniversário.

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