Eduardo Nery foi artista multifacetado, inovador na pintura abstrata
Lisboa, 02 mar (Lusa) - Eduardo Nery foi um "inovador, mesmo em termos internacionais", na pintura ligada à arte abstrata e tem uma vasta obra a abranger diversas áreas, do azulejo à fotografia, disse hoje o presidente da Associação Portuguesa de Arte Outsider.
"O seu trabalho em pintura, mais ligado à arte abstrata, foi inovador mesmo em termos internacionais e acompanhou Vasarely [que se salientou na Op art ou arte cinética], um papel que nunca foi reconhecido", realçou Vítor Albuquerque Freire.
O artista plástico Eduardo Nery morreu hoje em Lisboa aos 74 anos. O velório vai decorrer no domingo na Igreja de Santa Isabel, em Lisboa, e o funeral está marcado para as 12:00 de segunda-feira, no cemitério do Alto de S. João.
Além do seu trabalho em pintura, azulejo ou fotografia, o artista multifacetado interessava-se por arte africana e deu um contributo para a defesa do património construído, assim como de obras de artistas que não fazem parte do circuito cultural, segundo o presidente da Associação.
Eduardo Nery fazia parte da direção desta associação que promove a arte produzida por autores "sem formação, desligados dos circuitos culturais, em muitos casos artistas com perturbação mental ou afastados e não reconhecidos pela sociedade".
Um dos exemplos do esforço de Eduardo Nery neste sentido, relatado por Vítor Albuquerque Freire, relaciona-se com a defesa do Museu do Hospital Miguel Bombarda, que reúne várias obras de doentes da unidade de saúde.
Também a fotografia recolheu a sua atenção desde os anos 50 e o presidente da Associação Portuguesa de Arte Outsider avançou que a Imprensa Nacional Casa da Moeda está a preparar uma publicação sobre a obra de Eduardo Nery nesta área.
Autor de várias obras, nomeadamente sobre teoria das artes e fotografia, o artista tinha "uma paixão pouco conhecida" por arte africana, sendo "talvez um dos maiores colecionadores, a par de José Guimarães".
A 10 de junho do ano passado, Eduardo Nery foi condecorado pelo Presidente da República como Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique pela sua obra.