Cultura
Egipto. Descoberta a "cidade perdida" de Amenhotep III
Aton é uma cidade com cerca de três mil anos localizada perto do Vale dos Reis e começou a ser resgatada das areias em 2020. Os arqueólogos acreditam que a data de fundação remonta ao reinado de faraó Amenhotep III, uma época de esplendor e monumentalidade arquitetónica do Antigo Egipto. Os vestígios da cidade foram revelados ao público este mês de abril. Ao mesmo tempo, foi anunciada a abertura do Grande Museu Egípcio durante o ano de 2021. O governo do país está a apostar forte no património arqueológico para relançar o setor do turismo.
Depois de sete meses de escavações, estruturas e muros de tijolos de barro começaram a surgir sob as areias quase intactos.
Uma grande padaria completa, com os fornos e contentores cerâmicos de armazenamento, espaços residenciais e áreas administrativas foram postas a descoberto três milénios depois.
Os muros em zigzag dividiam os diferentes bairros. Estas evidências sugerem que um grande número de pessoas viveram em Aton.
"Em poucas semanas, para grande surpresa da equipa, formações de tijolos de barro começaram a aparecer em todas as direções" explicam os especialistas, citados na publicação The Guardian. Sublinham que, "é o sítio de uma grande cidade em bom estado de conservação, com paredes quase completas e salas repletas de utensílios do quotidiano."
Os trabalhos arqueológicos começaram em setembro de 2020 perto de Luxor, a 500 quilómetros ao sul de Cairo. As escavação irão continuar porque "o que foi posto a descoberto é apenas um fragmento", asseguram.
"A cidade tem mais de 3000 anos, data do reinado de Amenhotep III, e continuou a ser usada por Tutancamon e Ay". A explicação é de Zahi Hawass, egiptólogo que coordenou a intervenção arqueológica.
Hawass acrescenta que este achado corresponderá a uma das descobertas mais importantes desde o túmulo de Tutancamon.
"Agora encontramos uma grande cidade, que pela primeira vez nos vai revelar a vida das populações que serviam o monarca".
O deus solar Aton representava a fonte de luz, de calor e de vida. Foi adotado por Amenhotep III que concentrou todas as virtualidades do deus criador.
Monarca da XVIII dinastia, reinou durante cerca de 40 anos (1391-1353 a.C.)e mandou erigir os grandes templos de Luxor e Karnac.
Considerada a época de ouro da civilização faraónica, a fundação da área urbana agora descoberta é atribuída a Amenhotep III e será a "cidade de ouro perdida" que um dia recebeu o nome do Deus.
Betsy Bryan, professora de arte e arqueologia egípcia na Universidade Johns Hopkins, disse que a cidade "dará um raro vislumbre da vida dos antigos egípcios na época em que o império era mais rico".
Arqueologia de novo no centro do turismo
O governo do Egito está apostado em relançar o património arqueológico como um dos pilares do setor turístico do país.
O anúncio da abertura do novo museu dedicado à herança Egípcia para 2021 é o mais forte sinal para reabilitar o setor económico, depois da instabilidade política de 2011.
Localizado no Planalto de Gisé, o Grande Museu Egípcio demorou 20 anos a ser construído.
Pretende ser o maior museu do mundo, implantado numa área de 50 hectares (cerca de 50 campos de futebol). Inclui 12 hectares de jardins e 2,5 hectares para exposições. Entre as cem mil peças que serão expostas, destacam-se a estátua de Ramsés II e o túmulo de Tutancamon em ouro maciço. O custo total aponta para mil milhões de euros.