Egito. Cervejeira com cinco mil anos produzia 22.400 litros por ronda

Uma equipa de arqueólogos norte-americanos e egípcios descobriram uma instalação onde seria feita a fermentação de cerveja em larga escala. O sítio arqueológico abarca um local funerário e localiza-se no sul do Egito. A construção da estrutura foi atribuída ao reinado de Narmer, que governou há mais de cinco mil anos.

Carla Quirino - RTP /
Ministério de Antiguidades do Egito - Reuters

A escavação arqueológica revelou oito grandes áreas habilitadas para produção cerveja, disse o secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, Mostafa Waziry, citado pela estação Al Jazeera.

Mostafa Waziry também acredita que a investigação deu a conhecer "a mais antiga cervejaria de alta produção do mundo" em North Abydos, perto da cidade de Sohag.

Em cada uma das oito áreas, com cerca de 20 metros por 2,5, foram encontrados 40 potes cerâmicos dispostos em duas filas.


A escala de um metro encostada a um dos tonéis ajuda a interpretar a dimensão | Ministério de Antiguidades do Egito - Reuters

Grãos de cereais misturados com água eram aquecidos nos reservatórios cerâmicos para que a fermentação ocorresse. Waziry explica que cada pote era "mantido no lugar por alavancas de barro colocadas verticalmente formando anéis".

O bom estado de conservação mostra parte dessa fila de tonéis utilizados no processo de fermentação.

Os arqueólogos Matthew Adams, da Universidade de Nova Iorque, e Deborah Vischak, da Universidade de Princeton, que coordenam as investigações, estimam que a produção de cerveja atingiria os 22.400 litros, entre todos os potes, por cada ronda.

A estrutura da cervejeira implantada junto de um espaço sepulcral indicia o uso desta bebida associado a rituais funerários.

"Evidências do uso de cerveja em rituais de sacrifício foram encontradas durante escavações nessas instalações", sublinha Adams. O arqueólogo credita que a cerveja era usada em rituais de sepultamento real para os primeiros reis do Egito.


Ministério de Antiguidades do Egito - Reuters

Este sítio arqueológico não é o primeiro a fornecer eviências deste tipo de fabrico no antigo Egipto. No ano 2015, Telavive, Israel, foram encontrados fragmentos de cerâmica com cinco mil anos em contextos egípcios. Apurados os resultados de análises, foi demonstrado que as cerâmicas faziam parte do processo de produção de cerveja.

A cervejeira de Abydos, para além da capacidade produtiva, destaca-se pela antiguidade. Esta grande estrutura funerária associada à produção de cerveja está atribuída ao Primeiro Período Dinástico, que corresponde à época do Rei Narmer, por volta de 3100 a.C. Este faraó egípcio é conhecido por unificar o Norte com o Sul no início da etapa do Império.


Implantação da cervejeira | Ministério de Antiguidades do Egito

A região no baixo deserto de Abydos tem um longo histórico de importantes descobertas de templos. Localiza-se aí um dos principais cemitérios da antiguidade pré-clássica e o centro de culto de Osíris, o deus egípcio dos mortos e do renascimento após a morte.

Destaca-se também o templo de Seti I, que foi faraó da XIX dinastia entre 1290 e 1279 a.C.

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