Encontros de Charolas dão a conhecer arte também cantada de porta em porta

Faro, 04 Jan (Lusa) - A tradição das Charolas, inspiradas nas Janeiras, vai ser assinalada no Algarve com encontros para dar a conhecer a arte de cantar versos muitas vezes improvisados e que ainda se faz de porta em porta no interior.

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No sábado, o Teatro das Figuras recebe durante a tarde o 27º Encontro de Charolas da Cidade, que reúne onze grupos de charolas, dez dos quais originários do concelho e que antigamente surgiam de forma espontânea entre vizinhos.

No mesmo dia, as Charolas, cuja actuação pública se circunscreve aos primeiros dias do ano, vão invadir São Brás de Alportel e Olhão, que têm preparado um vasto programa de espectáculos.

Na vila de São Brás, as festividades duram todo o fim-de-semana, com actuações durante a manhã e tarde em cafés da zona e associações locais, estando o dia de domingo reservado para o 25º Encontro de Charolas.

No dia de Reis, o Cine-Teatro de São Brás apresenta sete grupos da região - desde agrupamentos locais a outros de Estói, Tavira, Quelfes e Bordeira -, numa iniciativa organizada pela Associação Cultural Sambrasense.

Em Olhão, as Charolas também vão dar música todo o fim-de-semana, com actuações de grupos locais em jardins, largos de igrejas, escolas e estruturas de lazer e entretenimento.

Actualmente, os grupos de Charolas têm uma estrutura organizada e ajudam a manter viva uma das manifestações culturais mais típicas da região, havendo algumas divergências quanto à sua origem.

Pensa-se que o movimento das Charolas, uma espécie de Janeiras locais, tenha surgido na Bordeira, localidade próxima de Faro, em 1918, no rescaldo da I Guerra Mundial, para saudar o regresso dos combatentes.

Outros dizem que as Charolas são uma evolução de cantares de origem religiosa que se foram agregando em elementos profanos e que a tradição chegou aos nossos dias através de grupos espontâneos que se juntam nesta época.

Homens e mulheres de várias idades acompanhados por instrumentos como o acordeão, ferrinhos, pandeiretas e castanholas ainda percorrem algumas zonas do interior a cantar versos, muitas vezes improvisados.

Os ritmos musicais vão beber a inspiração ao folclore tradicional do Algarve, com o "começador" - aquele que dá início à cantoria - a fazer o papel de maestro, sendo as actuações recompensadas com doces da época, enchidos ou um "copito" de aguardente.

MAD

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