Escolhas da Academia revelam "viragem na sociedade norte-americana" - Alberto Seixas Santos

Lisboa, 25 Fev (Lusa) - O realizador Alberto Seixas Santos afirmou hoje que a atribuição dos principais Óscares deste ano "a dois filmes bastante violentos" revela "uma viragem no conservadorismo da sociedade norte-americana".

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"Este país não é para velhos", dos irmãos Joel e Ethan Coen, arrebatou os dois óscares mais ambicionados - de melhor filme e melhor realizador - e ainda o de melhor actor secundário (para o espanhol Javier Bardem) e melhor guião adaptado, a partir de um romance de Cormac McCarthy.

A dupla de realizadores tinha comentado anteriormente, num "making-of" do filme, que esta é a longa-metragem que mais se aproxima de um filme de terror, pela violência física que envolve.

"Haverá Sangue", de Paul Thomas Anderson, um épico sobre uma família cujo patriarca trabalha na prospecção de petrólio, deu a Daniel Day-Lewis o Óscar de melhor actor nesta 80ª edição dos galardões norte-americanos para o cinema.

"Não me surpreendeu que tenham sido estes os realizadores vencedores, porque todos têm feito trabalhos bastante interessantes. A surpresa foi a escolha da Academia de Cinema de Hollywood, que normalmente é bastante conservadora, e não elege filmes tão violentos nos óscares", comentou à Agência Lusa Alberto Seixas Santos.

Na leitura do cineasta português, a violência dos filmes premiados "indica grandes mudanças na sociedade norte-americana, com o surgimento de uma nova geração que não está disposta a aceitar situações como a da guerra no Iraque".

Seixas Santos disse ainda à Lusa que está neste momento a preparar uma nova longa-metragem, cujas filmagens deverão iniciar-se em Maio deste ano, e cujo título provisório é "Onde está a felicidade".

AG.

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