Escritor e ex-sandinista Sérgio Ramírez acusa PR Daniel Ortega de demagogo

Porto Alegre, 10 Jun (Lusa) - O escritor e antigo guerrilheiro sandinista Sérgio Ramírez acusou o seu ex-camarada e actual Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, de "demagogia e populismo" e manifestou à Lusa preocupação com a situação no seu país.

© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A. /

Presente no encontro Fronteiras do Pensamento que teve lugar segunda-feira no Salão de Actos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Brasil, Sérgio Ramírez disse à Agência Lusa que "o governo de Daniel Ortega é demagógico e populista".

Sérgio Ramirez, 65 anos, vice-Presidente da Nicarágua entre 1984 e 1990, é um dos mais importantes escritores contemporâneos do país, com obras como "De Tropeles y Tropelías" (1971), "¿Te dio miedo la sangre?" (1978), "Un baile de máscaras" (1995), "El Reino Animal" (2006) e "Margarita, está linda la mar", galardoada em 1998 com o prémio espanhol Alfaguara (editado em Portugal em 2000 pela Difel).

Agora, afirma-se descontente com a situação política no seu país, acusando a liderança sandnista de ignorar a cultura.

"A situação política que se vive na Nicarágua é muito preocupante. A cultura no meu país é considerada uma actividade marginal. Os sandinistas esqueceram o passado cultural e não têm uma política educacional séria para a Nicarágua", afirmou o fundador do Movimento de Renovação Sandinista (MRS).

Sérgio Ramirez formou o "Grupo dos Doze", que tomou o poder na Nicarágua após a queda do ditador Anastásio Somoza e foi candidato derrotado à Presidência da Nicarágua em 1996.

"Hoje, já não faz sentido enveredar pela guerrilha armada. Podemos lutar por uma América Latina mais rica e próspera através de outras formas de luta", disse.

"Os revolucionários do século XXI devem lutar por um mundo melhor mas sem armas e violência", acrescentou Ramirez.

JVP

Lusa/Fim


PUB