Especialistas portugueses e estrangeiros analisam a representação nos regimes totalitários
Coimbra, 02 Dez (Lusa) - Estudos de cerca de duas dezenas e meia de especialistas sobre os regimes totalitários em Portugal, Itália, Alemanha, Brasil e Espanha integram um livro que é lançado quarta-feira em Coimbra.
Intitulado "Estados Autoritários e Totalitários e suas Representações" e coordenado por Luís Reis Torgal e Heloísa Paulo, o livro resulta de um seminário internacional sobre o tema, que decorreu em Novembro de 2007 em Coimbra.
"A ideia que presidiu a este encontro foi sobretudo a de pensar os projectos totalitários e autoritários tal como foram vistos pelas suas testemunhas e autores, pelas imagens políticas que se formaram ou pela sua historiografia, considerando que a História também interroga as memórias, os escritos políticos e didácticos de época ou a escrita da história", segundo uma nota acerca da obra.
Reis Torgal disse à agência Lusa que o seminário se realizou no âmbito de um convénio internacional entre o Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20) da Universidade de Coimbra (UC) e os Departamentos de História das Universidades de São Paulo e de Bolonha.
No contexto deste convénio, a que recentemente aderiu também a Universidade de Vigo, realizaram-se quatro seminários anuais sobre o tema geral "Autoritarismo e Totalitarismo", um dos quais o ocorrido em Coimbra que deu origem à edição conjunta da Imprensa da Universidade e do CEIS20 a lançar quarta-feira.
"O fascismo português vem de cima para baixo e não de baixo para cima. Não há um partido organizado que vai construir um estado", disse hoje Luís Reis Torgal à agência Lusa, referindo que esta é uma característica específica daquele regime totalitário em Portugal.
Segundo o especialista em História Contemporânea - que conjuntamente com Sérgio Campos Matos, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, apresentará o livro -, "o fascismo português vai resistir muito mais do que qualquer outra forma de fascismo" em virtude da "cosmética do Estado Novo" que o vai adaptando às novas circunstâncias.
"O pragamatismo faz parte da lógica do fascismo. Vai havendo sempre uma adaptação que, de alguma maneira, possibilita a longevidade", salientou o investigador do CEIS20.
A par com esta obra, na mesma sessão - marcada para as 18:00 no "foyer" do Teatro Académico de Gil Vicente - é também lançado o livro "Comunidades Imaginadas. Nações e Nacionalismos em África", coordenado por Reis Torgal, Fernando Tavares Pimenta e Julião Soares Sousa que reúne cerca de uma dezena e meia de comunicações, apresentadas num colóquio interdisciplinar internacional sobre vários temas da África lusófona.
Ambos os projectos inserem-se nas actividades do grupo de investigação do CEIS20 Arquivo da Memória e História do Século XX, coordenado por Luís Reis Torgal.
MCS