Espólio com obras inéditas de Alberto de Lacerda apresentado em exposição
Lisboa, 17 Mar (Lusa) - "Colecção Alberto de Lacerda: um olhar" apresenta, na Fundação Mário Soares, uma mostra do espólio do poeta português falecido em 2007, que deixou, segundo Luís Amorim de Sousa, herdeiro da colecção, "mais de mil poemas inéditos" por publicar.
A Colecção Alberto de Lacerda, depositada por Luís Amorim de Sousa, "é constituída por centenas de obras de arte, mais de 20.000 livros, catálogos e publicações diversas, cerca de 9 000 discos (Vinil e CD), uma centena de registos audiovisuais e cerca de 200 caixas de documentos, correspondência, programas, folhetos, convites, além de centenas de fotografias", informa a Fundação.
Luís Amorim de Sousa, herdeiro do espólio de Alberto de Lacerda, define a colecção do poeta como pontuada por "diversas obras de grande valor, algumas das quais inesperadíssimas".
"Alberto de Lacerda - sublinha - compôs a sua colecção tendo em conta a sua riquíssima rede de amizades recolhidas ao longo da vida".
Da exposição fazem parte, por exemplo, obras de arte de Vieira da Silva, Paula Rego e Cruzeiro Seixas, correspondência trocada com Sophia de Mello Breyner Andresen e Kenneth Clark, e cartas de Fernando Pessoa e Manuel de Falla, entre outros.
A exposição que a Fundação Mário Soares acolhe a partir de quinta-feira apresenta, nas palavras de Luís Amorim de Sousa, uma "parte muito pequena" de todo o espólio deixado pelo poeta, falecido em 2007.
O espólio entregue a Luís Amorim de Sousa é, segundo este, composto por "16 toneladas de material, a maior parte do qual papel".
Alberto de Lacerda, Carlos Alberto Portugal Correia de Lacerda de seu nome completo, nasceu em Moçambique em 1928, concluiu em Portugal em 1946 os estudos secundários e partiu para Londres, onde trabalhou como jornalista para a BBC.
Cinco anos depois da sua fixação em Londres, um livro escrito em português e traduzido para inglês por Arthur Waley, "77 poems", é bem acolhido pela crítica e torna-o conhecido.
"Palácio", publicado alguns anos depois, confirma-o como poeta de eleição junto de um público mais vasto. Dele diria um dia o brasileiro Carlos Drummond de Andrade, citado à Lusa por Amorim de Sousa: Este é "o poeta que me ensina".
Da sua vasta obra, destacam-se, além de "Palácio", "Tauromagia", "Elegias de Londres", "Meio-dia", "Sonetos" e os dois volumes de "Oferenda" - que reunem a obra publicada entre 1955 e 1981.
Alberto de Lacerda é também autor de "colagens", tendo chegado a expor, nos anos 80, na Sociedade Nacional de Belas Artes, de Lisboa.
A inauguração de "Colecção Alberto de Lacerda: um olhar" na Fundação Mário Soares ocorre às 18:30 de quinta-feira.
Já a partir de 02 de Abril será a Fundação Arpad Szénes - Vieira da Silva a receber uma mostra do espólio do poeta, com particular destaque para o "acervo literário" do mesmo.
Luís Amorim de Sousa referiu ainda à Lusa que a Poets House, em Nova Iorque, deverá receber em breve uma exposição sobre Alberto de Lacerda