Eurovisão. Presença de Israel no festival votada esta semana

Caso as alterações sobre a mesa sejam consideradas insuficientes, será votada a expulsão de Israel do Festival Eurovisão da Canção.

RTP /
Denis Balibouse - Reuters

A União Europeia de Radiofusão reúne-se até sexta-feira, em Assembleia-Geral, em Genebra. Um dos temas quentes do encontro será a alteração do sistema de votação e a consequente continuação da presença de Israel no certame europeu.

A Assembleia-Geral ocorre após vários países, como Espanha, Países Baixos e Irlanda, terem anunciado um boicote à edição de 2026, marcada para os dias 12, 14 e 16 de maio, em Viena, caso Israel participe.
Jornal da Tarde | 4 de dezembro de 2025

Manifestaram também desconfiança em relação à segurança e transparência do televoto. Em causa está a disparidade entre as votações do júri e do público em relação a Israel, nas últimas duas edições.Se o primeiro atribuiu classificações mais baixas ao país (12.º em 2024 e 15.º em 2025), o segundo atribuiu o segundo lugar em 2024 e o primeiro em 2025, algo alegadamente influenciado por abusos nas regras de promoção do certamente por parte de entidades públicas israelitas nas redes sociais.

A contestação de vários países a esta votação fez com que o Grupo de Referência da União Europeia de Radiodifusão tivesse aprovado, em novembro passado, algumas alterações ao sistema de votação do certame europeu, nomeadamente a limitação da promoção dos artistas por terceiros – sobretudo por parte de agentes estatais -, a redução do número de votos máximos de 20 para dez e a melhoria da segurança para “detetar e bloquear votação fraudulenta ou coordenada”.

Caso as alterações não sejam consideradas suficientes, será votada a expulsão de Israel do Festival Eurovisão da Canção.Polémica na participação de Israel no certame
A participação de Israel tem dado azo a polémica nos últimos anos, por dois fatores essenciais.

O primeiro é o genocídio em Gaza, que resultou nas mortes de cerca de 70 mil pessoas, de acordo com o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, e em mais de 170 mil feridos, para além de mais de 75 mil descolados.

O segundo é a suspeita de fraude no televoto, através da promoção das canções representantes do país por parte da Agência de Publicidade do Governo Israelita, nas redes sociais algo visto como um abuso das regras em vigor, e que são uma das razões apontadas para a disparidade entre o televoto e a votação do júri.

A disparidade fez com que o Grupo de Referência da União Europeia de Radiodifusão tivesse aprovado alterações significativas em relação à segurança e transparência do televoto.

“Esperamos sinceramente que o pacote de medidas assegure aos membros que tomámos uma ação forte para proteger a neutralidade e a imparcialidade do Festival”, afirmou a UER num comunicado, em novembro.
Divisões entre membros da UER
Enquanto países como Espanha, Irlanda e Países Baixos já anunciaram desistir da próxima edição, a Áustria – país-sede da edição de 2026 – e a Alemanha apoiam a participação de Israel, com a Alemanha a ameaçar desistir em caso de expulsão de Israel.

“A nossa posição é a mesma há meses”, afirmou José Pablo López, presidente da televisão pública espanhola RTVE, perante o Senado espanhol, na passada semana, que apelidou a presença de Israel no certame como “insustentável”, acusando o país de “pensar que enquanto a Eurovisão é um concurso, os direitos humanos não são”.

Em sentido contrário, a Alemanha já anunciou que o país deverá desistir se for votada a expulsão de Israel. A posição é apoiada pelo chanceler alemão, Friedrich Merz, que apelida de “escândalo” a discussão que está a ser tida.

Já a televisão pública austríaca ORF, que irá organizar a edição de 2026, apoia a participação de Israel, com o seu diretor-geral, Roland Weissmann, a ter apelado no mês passado à “diplomacia” entre os membros da União Europeia de Radiofusão.A RTP não anunciou nenhuma posição oficial em relação à participação de Israel.

Caso a expulsão seja aprovada, não será a primeira vez que tal acontece. Em 2022, a participação da Rússia foi suspensa após a invasão em larga escala da Ucrânia, tendo no ano anterior o país visado sido a Bielorrússia.
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