A peça intitula-se "Curado", numa "evocação simbólica" de António Gonçalves Curado, o primeiro português morto na I Guerra Mundial.

A representação pretende ainda "assinalar os 40 anos do 25 de abril, e do fim da Guerra Colonial", segundo Jorge Prendas, do Serviço Educativo da Casa da Música, que coordena o projeto.

A combinação de bailarinos da escola profissional Balleteatro e de ex-combatentes da Guerra Colonial da Associação de Deficientes das Forças Armadas (ADFA) é uma simbiose que Reis Martins, ex-combatente, considera ser "muito boa".

O sentimento é reforçado por Sara Marques, do Balleteatro, que diz que a experiência "tem sido uma lição de vida".

"Uma das histórias que nos têm contado ao longo deste tempo é que, quando estavam na guerra, o principal medo que eles tinham era o da morte do companheiro, de ficarem sozinhos, em vez da própria morte", disse a bailarina.

Para Jorge Prendas, a junção de ex-combatentes e jovens bailarinos serve "para manter viva esta memória", já que "muitos destes bailarinos nunca tinham ouvido falar da guerra colonial".

"Na sessão seguinte, [os bailarinos] vieram contar-nos histórias das famílias deles", explicou Jorge Prendas, que também é o diretor musical da peça.

Abel Fortuna, presidente da delegação do Porto da ADFA, afirmou que a peça encara as suas vivências "numa perspetiva reabilitadora e de inclusão na sociedade".

"Tem sido motivador, por ser terapêutico e por tratar a guerra colonial de uma forma diferente daquela que tem sido habitual, de forma positiva", disse o dirigente da ADFA, explicando ainda que a "homenagem a António Gonçalves Curado" também se vê nas histórias dos ex-combatentes.

As cortinas sobem às 21:00 de quarta-feira, na sala Suggia da Casa da Música.