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"Exodus: Deuses e Reis" censurado em Marrocos e no Egipto

por Andreia Martins, RTP
Christian Bale interpreta o papel do profeta Moisés. Foto: Reuters

O filme que retrata a passagem bíblica sobre o profeta Moisés foi excluído das salas de cinema devido a “imprecisões históricas” e à figuração de Deus, proibida pelo islão.

É mais um blockbuster de Hollywood a gerar polémica nesta época festiva. Depois de “The Interview” fazer eclodir uma crise diplomática entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, é a vez do filme “Exodus: Deuses e Reis” ser cancelado nas salas de cinema de Marrocos e Egipto. As razões: o enredo não é fiel à história e contém uma reprodução de Deus através do aparecimento de uma criança ao profeta Moisés – a representação física da figura divina é expressamente proibida pelo Corão.

A empresa responsável pela distribuição do filme em Marrocos justifica esta decisão citando uma cena em que Deus é representado “na forma de uma criança que transmite uma revelação ao profeta Moisés”.

“Visão sionista”
No Egipto, a censura ficou a dever-se às “imprecisões históricas”. O ministro da Cultura egípcio, Gaber Asfour, classificou mesmo o filme como “uma visão sionista da história”. Entre outros erros, o filme passa a ideia de que “foram os judeus que edificaram as pirâmides”, esclarece o ministro.

Realizado por Ridley Scott, a película conta a passagem bíblica do Êxodo, em que o povo judeu, escravizado pelo faraó, consegue fugir do Egipto com a ajuda do profeta Moisés.

Segundo os media marroquinos, os gerentes das principais distribuidoras de cinema foram alertados no sentido de cancelar todas as sessões do filme na passada quinta-feira. Uma decisão que surgiu depois de o organismo estatal para o cinema (MCC) ter aprovado a sua exibição.

Censura vai atrair ainda mais atenções
A distribuidora Benkirane, que opera em Marraquexe, esclareceu em declarações ao Guardian que a última exibição do filme aconteceu na noite de sexta-feira. A mesma distribuidora diz respeitar a decisão, mas não entende o argumento apresentado, já que a criança que transmite a revelação a Moisés não é nunca referida diretamente como uma representação de Deus.

Em Marrocos, a censura de filmes externos é “muito rara”, explica a Benkirane. Segundo a distribuidora, era esperada uma boa receita da exibição deste filme. A censura imposta, conclui, vai concentrar atenções e “vai beneficiar apenas os piratas” que vendem o filme ilegalmente.  

Noé e Código da Vinci também foram proibidos

No Egipto, a censura dos filmes de Hollyhood é mais frequente. Ainda em Março do presente ano, o governo egípcio proibiu a exibição do filme Noé. Fontes governamentais acusaram a produção de “violar o Islão ao retratar um profeta” de forma pouco convencional. Também “O Código Da Vinci” foi censurado, depois dos protestos da igreja Ortodoxa.
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