Portugal foi a votos pela primeira vez em liberdade há 50 anos, após décadas de ditadura, e é com esta evocação que se inaugura na próxima semana, em Lisboa, a exposição "Haverá Eleições.1975".
A mostra ficará patente na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), no âmbito das iniciativas programadas para a semana em que se comemoram 51 anos do golpe militar de 25 de abril de 1974 que derrubou o regime e abriu caminho para a democracia em Portugal.
O destaque este ano vai para o cinquentenário das eleições para a Assembleia Constituinte, que elaborou a Constituição da República de 1976.
Previstas no Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA), as eleições de 1975 continuam a ser recordadas como um momento decisivo para a construção da democracia portuguesa e pela elevada participação (92% dos cidadãos recenseados).
A exposição, organizada pela Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril em parceria com a Assembleia da República e o apoio da Gulbenkian, fica patente entre 22 de abril e 22 de outubro.
Está organizada em seis núcleos, através dos quais se revela o caminho da conquista do voto livre em Portugal. Fotografias, imprensa da época e outros documentos dão prova da opressão e do entusiasmo que se seguiu naquele período.
A organização promete também recursos audiovisuais inéditos ou raramente vistos. A entrada é livre.
Na terça-feira, depois da inauguração, na qual é esperada a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, será exibido um documentário, de Cláudia Varejão.
As eleições, segundo a historiadora e comissária executiva das comemorações, Maria Inácia Rezola, conferiram "uma nova legitimidade" aos partidos políticos e aos defensores da via democrática parlamentar.
A deputada constituinte Helena Roseta estará presente para partilhar o seu testemunho, assim como o comandante Luís Costa Correia e o artista plástico José de Guimarães.
Será igualmente divulgado no `site` da Comissão um dossier histórico dedicado a este tema.
A programação divulgada pela Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril inclui ainda concertos e outras iniciativas, como a reabertura, a 24 de abril, do espaço museológico do Posto de Comando da Pontinha, de onde foi coordenada a operação militar que pôs fim ao chamado Estado Novo.
As comemorações do cinquentenário da revolução dos cravos iniciaram-se em 2022 e vão decorrer até 2026, quando se assinalam os 50 anos da aprovação da Constituição.