Exposição inédita de pintura romena dá a conhecer "período especial" das vanguardas, no Museu do Chiado
Lisboa, 25 Mar (Lusa) - Um exposição inédita em Portugal sobre a pintura romena da primeira metade do século XX, com 67 obras reunidas no Museu do Chiado, vai dar a conhecer um "período especial" que esteve na origem ds vanguardas europeias.
"As Cores da Vanguarda - Arte na Roménia 1910-1950" foi hoje alvo de uma conferência de imprensa e visita-guiada aos jornalistas no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, em Lisboa, véspera da inauguração ao público, marcada para as 19:00 de quinta-feira.
Desenvolvida pelo Instituto Cultural Romeno de Bucareste, com o apoio da sua delegação em Lisboa, esta mostra resulta de uma selecção de uma exposição criada em 2007, com cerca de uma centena de quadros, exibida na altura em várias cidades da Roménia.
Pedro Lapa, director do museu, sublinhou à Agência Lusa o carácter inédito da exposição, observando ainda que "em Portugal não há um conhecimento sobre a cultura romena".
A mostra - que agrega obras provenientes de nove museus da Roménia - "pode ajudar a conhecer esta cultura, e em particular um período especial do surgimento das vanguardas na pintura romena", salientou o director do Museu do Chiado.
Assinalou ainda que existem "analogias" entre Portugal e a Roménia durante este período: "Tal como no nosso país, houve alguns artistas romenos que saíram da sua pátria para tomar contacto com movimentos artísticos em cidades de outros países - como Paris e Berlim - dando origem a movimentos vanguardistas".
Pedro Lapa aproveitou esta exposição de pintura romena para criar no Museu do Chiado um núcleo paralelo dedicado à arte moderna em Portugal, com cerca de três dezenas de obras do período 1919-1945, de artistas como Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso, António Pedro, Carlos Botelho, Dórdio Gomes, Eduardo Viana, Ernesto Canto da Maya, Francisco Franco, Mário Heloy e Maria Helena Vieira da Silva.
As obras deste núcleo são provenientes do acervo do Museu do Chiado e também algumas cedidas pela Fundação Calouste Gulbenkian e pelo Museu Colecção Berardo, precisou.
Sobre a exposição de pintura romena, o comissário Erwin Kessler comentou à Lusa que o Museu do Chiado "é um espaço privilegiado" para acolher esta exposição, que depois seguirá para Madrid, Roma e Praga.
"As salas são uma espécie de mapa da arte romena da primeira metade do século XX, cobrindo desde o modernismo clássico à emergência das vanguardas", traçando uma panorâmica do complexo fenómeno histórico cultural do país, resultado das tensões entre tradição e vanguarda no período entre as duas guerras mundiais.
Destacou artistas como Arthur Segal - futuro líder do "Grupo de Novembro" em Berlim - Marcel Ianco - fundador do movimento Dada, no Cabaret Voltaire em Zurique, juntamente com Tristan Tzara - e Hans-Mattis Teutsch, ligado simultaneamente ao grupo Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), à Bauhaus, e aos círculos húngaro, inglês, alemão e romeno de vanguarda.
Segundo Erwin Kessler, a rivalidade, a provocação, a imitação, a crítica, e até a caricatura, estão na origem do modernismo romeno.
A vanguarda romena "precipitou uma modernização social e cultural no sentido do modernismo clássico que ganhara forma, tanto em exposições como em manifestos, nos meados da década de 30", retratou.
Da exposição original realizada na Roménia, com mais de uma centena de obras, foram seleccionadas quase 70 devido aos "elevados custos de transporte e seguros" das pinturas, indicou o comissário.
Tal como Pedro Lapa, Erwin Kessler comentou que a arte romena "é praticamente desconhecida não só para o público português, mas também na maioria dos países da Europa".
Apcar Baltazar, Camil Ressu, Corneliu Michailescu, Gheorghe Petrascu, Hans Eder, Ion Theodorescu Sion, Ion Luculescu, Stefan Popescu, Francisc Sirato, Jean Al. Steriadi, Jules Perahim, M. H. Maxy, Olga Greceanu, Sandor Ziffer, Sandor Szolnay, Theodor Pallady, Victor Brauner, são outros artistas representados na mostra de pintura romena no Museu do Chiado.
A exposição "As Cores da Vanguarda - Arte na Roménia 1910-1950" decorre até 21 de Junho deste ano.
AG.
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