Exposição sobre Pirataria inaugurada hoje em Lisboa
Lisboa, 15 Nov (Lusa) - Uma exposição que conta a história da pirataria desde o mundo clássico à actualidade, intitulada "Piratas, os Ladrões do Mar", é inaugurada hoje no Forte do Bom Sucesso, em Lisboa.
"O fenómeno da pirataria surge quase nos alvores da Humanidade: quando começa a desenvolver-se o comércio marítimo, começam também a desenvolver-se as actividades de pirataria, sobretudo no Mar Mediterrâneo", disse à Lusa a especialista em arqueologia subaquática e em história da navegação Sandra Rodríguez, comissária da exposição organizada pela empresa Cultura Entretenida.
"Com a expansão dos fenícios, começa também a expansão dos piratas", sublinhou, acrescentando que, por exemplo "César, o imperador romano, foi refém de piratas e, depois de libertado, ele mesmo deu casa aos piratas".
A mostra, que começa com a definição de pirata - "O pirata é o ladrão que rouba no mar. Um sujeito cruel e sem piedade" - "pretende cingir-se à história, à verdade", referiu a responsável.
"Queremos afastar os estereótipos, os cânones, que existem sobre a pirataria, principalmente devido à época romântica da literatura, no final do século XIX e princípio do século XX, e à indústria do cinema - de Hollywood, neste caso - que tanto explorou a figura do pirata como um ser bom, benevolente, romântico, algumas vezes, e não é: é um personagem que é um delinquente, é um ladrão, mas que rouba no mar", sustentou.
Armas, moedas, utensílios de vida a bordo dos barcos, garrafas, botijas e outros objectos, num total de 60 peças, compõem a mostra, 80 por cento das quais originais, recolhidas no mar das Caraíbas e norte de África e procedentes de antiquários de Espanha, Itália, Síria, Líbano e Marrocos.
Patente até 31 de Maio de 2009, a exposição é completada por maquetas de barcos, torres de defesa e postos de combate, além de réplicas de instrumentos de navegação, armas de pequeno e grande calibre e seis figuras humanas em escala real, vestidas de acordo com a época dos séculos XVI, XVII e XVIII.
Depois de abordar os primórdios e a "Idade de Ouro" da pirataria (séculos XV a XVIII, não apenas no Mediterrâneo, mas também nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico, embora o principal cenário tenha sido o mar das Caraíbas), a exposição aponta ainda uma terceira etapa na história da pirataria, do século XIX à actualidade.
Apesar de drasticamente reduzida, a acção dos piratas não desapareceu nos dias de hoje, frisou Sandra Rodríguez: eles continuam a efectuar pilhagens, raptos, tráfico de droga e de pessoas e contrabando, no mar do sul da China, na Indonésia e nas costas africanas.
Quem quiser obter informação sobre os mais recentes casos ocorridos em todo o mundo - indicou - deverá consultar o site da Internet da Organização Marítima Internacional (www.imo.org).
ANC.