Faculdade de Arquitetura lamenta morte de um "homem bom" com um "percurso extraordinário"

Lisboa, 20 jan (Lusa) - O arquiteto Nuno Teotónio Pereira, que morreu hoje aos 93 anos, era "um homem bom" com um "percurso de vida extraordinário", disse a Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa (FAUL).

Lusa /

Nas palavras do arquiteto Miguel Baptista-Bastos, docente de arquitetura, citado pela instituição em comunicado, "hoje morreu um homem bom", e "quando isto acontece, a luz desse dia não irradia e tudo surge mais ensombrado".

"Todos os espaços projetados [por Nuno Teotónio Pereira] continuam a melhorar o espaço em que vivemos. Foi um dos mentores da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa/Escola de Lisboa, tal como a entendemos hoje: socialmente empenhada e com uma generosidade sem busca de reconhecimento", prossegue o comunicado da FAUL, com as palavras de Miguel Baptista-Bastos, "um dos últimos a entrevistar Nuno Teotónio Pereira".

A Faculdade, que atribuiu o grau Doutor Honoris Causa a Nuno Teotónio Pereira, em 2005, cita ainda a lição do mestre: a arquitetura "faz-se de dentro para fora", tal como a humanidade, recorda a Escola de Lisboa.

Nascido na capital portuguesa a 30 de janeiro de 1922, Nuno Teotónio Pereira formou-se em arquitetura, em 1949, pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa - na raiz da atual FAUL -, foi autor e coautor de dezenas de projetos e também um histórico defensor de direitos cívicos e políticos, durante o regime salazarista.

O Bloco das Águas Livres, classificado em 2012 como monumento de interesse público, a Torre de Habitação Social nos Olivais Norte, o chamado Edifício "Franjinhas" e a Igreja do Sagrado Coração de Jesus são alguns dos projetos em Lisboa - premiados - com assinatura de Teotónio Pereira.

Em abril de 2015, foi distinguido com o Prémio Universidade de Lisboa, pelo exercício "brilhante" na área da arquitetura e como "figura ética".

Recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, em 1995, a Grã-Cruz da Ordem do Infante, em 2004, e, em abril de 2010, a Medalha de Mérito Municipal de Lisboa.

Foi igualmente distinguido, entre outros, com o Prémio Nacional de Arquitectura da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1961, pelo Edifício Águas Livres, com o Prémio da Associação Internacional dos Críticos de Arte, em 1985, pela sua obra, e com o Prémio Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes, da Igreja Católica, em 2012, pela sua estatura ética, criativa e pela lição de humanidade para todos.

"Teve um percurso de vida extraordinário", recorda a FAUL, através do arquiteto Miguel Baptista-Bastos. "Fez muito de tudo para que nós hoje sejamos um pouco melhores".

Tópicos
PUB