Festa do Divino Espírito Santo na Venezuela une açorianos
Uma centena de portugueses, naturais dos Açores, residentes em Punto Fijo, a 530 quilómetros a noroeste de Caracas, tem ganho visibilidade local com a festa do Divino Espírito Santo.
"Em todo o mundo, onde está um açoriano, venera-se o Divino Espírito Santo e aqui, nas casas, os açorianos tinham a coroa e a bandeira, mas não havia uma grande festa, até que viajei a São Miguel e fiquei maravilhado com o que vivi e ao regressar quis replicar a Festa do Divino Espírito Santo", explicou José Manuel de Oliveira Tavares à Lusa.
Promotor e mordomo principal da festividade, este lusodescendente dinamizou a celebração na pequena comunidade da calorenta Punto Fijo, onde se realizou pela sétima vez, no passado fim de semana, depois de uma interrupção de dois anos devido à pandemia da covid-19.
Na celebração, rezam-se as sete "Domingas", faz-se "um Império", seguindo-se a missa de coroação na capela do Centro Português de Punto Fijo, explicou.
José Manuel de Oliveira Tavares insistiu estar "muito orgulhoso" das raízes açorianas e emocionado pela participação da comunidade de Punto Fijo, o que levou já as autoridades eclesiásticas locais a insistir que a tradição "deve sair do Centro Português".
"Já nos pediram para levar os símbolos, a coroa, o cetro e a bandeira a várias paróquias de Punto Fijo", disse.
Há pequenos grupos de açorianos a viver nas cidades venezuelanas de Caracas, Maracay e Valência. "Mas aqui somos mais, umas cem pessoas", acrescentou.
"Depois da II Guerra Mundial, quando começou a emigração dos Açores, os EUA e o Canadá abriram à imigração e não era necessário ter uma carta de chamada. Então, muitos foram para a América do Norte e para o Canadá, e por isso na Venezuela não há uma grande comunidade açoriana", frisou.
Para José Manuel de Oliveira Tavares, esta tradição é "vivida de uma maneira singular e única", lamentando que muitos imigrantes estejam a sair da Venezuela porque "a situação já não é a mesma".
A Venezuela "acolheu tantos imigrantes, portugueses, italianos, chineses, franceses e espanhóis, que fizeram deste país um grande país", considerou.