Festas Nicolinas com inauguração de escultura-monumento da autoria de José de Guimarães

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Guimarães, 23 Nov (Lusa) - O cortejo do "Pinheiro" abre dia 29 as Festas Nicolinas de Guimarães, cujo programa inclui a inauguração de uma escultura-monumento ao Nicolino, da autoria do artista plástico José de Guimarães, disse hoje à Lusa fonte da organização.

Segundo Rui Macedo, presidente da Comissão de Festas, "o "Pinheiro" representa hoje o mais participado número nicolino, remontando as suas raízes aos inícios do século XIX".

As Festas juntam, numa semana de folia em honra de São Nicolau, os actuais e antigos estudantes dos liceus da "cidade-berço".

A inauguração do munomento - adiantou - decorrerá durante os festejos, embora sem data marcada, dado que não se sabe se a obra poderá estar em Guimarães no primeiro dia, "como é pretensão de todos os nicolinos".

A montagem será dirigida pelo autor, que estará alguns dias em Guimarães para participar nos festejos.

A escultura-monumento, que está em fase de secagem num atelier em Alcochete, ficará implantada junto à Igreja de São Gualter, no largo onde anualmente é erguido o mastro anunciador das Festas Nicolinas.

A obra do escultor vimaranense, também ele um antigo "nicolino", tinha inicialmente mais de uma dezena de metros de altura, que foram reduzidos para cinco, por imposição do IPPAR.

A escultura evoca uma espécie de capa nicolina em ondulação, mas toda em cor vermelha e não no tradicional preto.

O programa das "Nicolinas" inclui de 1 a 7 de Dezembro as Novenas, no dia 4 de Dezembro as Posses e Magusto, a 05 o Pregão de S. Nicolau, a 06 o Cortejo das Maçãzinhas e as Danças de S. Nicolau e a 07 o Baile Nicolino.

Em dia não divulgado realiza-se o número das "Roubalheiras", no qual é permitido aos estudantes furtar objectos na rua ou a comerciantes, sendo o produto do furto devolvido, no dia seguinte, às vítimas.

O cortejo do Pinheiro arranca à meia-noite, com milhares de pessoas saindo do Terreiro do Cano ao lado do Campo de S. Mamede, para passarem, depois, pelo Castelo de Guimarães, Rua de Santo António, Toural, Alameda S. Dâmaso e Campo da Feira, com o final previsto para o Largo de S. Gualter, ao lado da Igreja de Santos Passos.

O "Pinheiro" segue enfeitado com lanternas e um festão com as cores escolásticas (verde e branco), pousado em carros puxados por juntas de bois, levando à frente uma representação da figura de Minerva, a deusa da sabedoria (que é desempenhada por um homem travestido com um traje de soldado romano).

O cortejo é liderado por um membro da Comissão de Festas, o Chefe de Bombos, que tem, atrás de si e da sua "boneca" - a "moca" que usa para marcar o ritmo dos bombos - os estudantes, novos e velhos rufando nas caixas o toque do Pinheiro e batendo forte nos bombos.

No final, os estudantes deslocam-se ao antigo Liceu Nacional de Guimarães para aí ficarem a rufar o toque do Pinheiro até ao raiar do dia.

O "Pinheiro" encerra uma simbologia que se prende com o facto de ser tradicionalmente conduzido apenas pelos homens da cidade, nele não participando mulheres.

O seu aparecimento como número nicolino deve-se à tradição minhota de levantar um grande mastro, normalmente um pinheiro, a anunciar os festejos.

No dia do "Pinheiro", o cortejo é antecipado pelas "Ceias Nicolinas", uma tradição com origem na Ceia que a Irmandade de S. Nicolau realizava no dia da festa do santo.

A "Ceia" é composta por caldo verde com tora (chouriço), papas de sarrabulho, rojões de porco com batatas, tripas com grelos e castanhas assadas, sempre bem regadas com (muito) vinho verde da região (branco ou tinto).

São Nicolau, que viveu nos séculos III e IV, foi Bispo de Mira (na Turquia) e tem o seu dia reservado na Igreja a 6 de Dezembro de cada ano (dia das Maçãzinhas).

O seu culto remonta ao século VI e, devido à sua popularidade, tornou-se protector dos famintos, raparigas pobres, perseguidos, comerciantes, marinheiros e navegantes e crianças.

Além disso, São Nicolau é o glorioso Patrono dos Estudantes, em homenagem a ter ressuscitado três estudantes que haviam sido esquartejados por um estalajadeiro e também pelo saber manifestado contra os inimigos da fé.

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