Festival de cinema árabe contemporâneo propõe diálogo intercultural em Lisboa
Lisboa acolhe, a partir de hoje, o Lisbon Arab Film Festival, um festival que quer promover "o diálogo intercultural", através do cinema, e ultrapassar "ideias preconcebidas" sobre o mundo árabe.
O Lisbon Arab Film Festival (LAFF) cumpre a segunda edição, com 16 filmes a exibir até 04 de outubro na Culturgest e na Cinemateca Portuguesa, a maioria em antestreia portuguesa.
Com curadoria de João Gonçalves e Saoussen Khalifa, o LAFF apresenta filmes que abordam "questões sociais cruciais, como a liberdade, a emancipação, os direitos humanos e a migração".
"A realidade, complexidade e riqueza do mundo árabe fica muitas vezes aquém do conhecimento do público. Numa época em que a diversidade cultural e a compreensão são mais cruciais do que nunca, o Festival LAFF deseja apresentar essas realidades, para além das ideias preconcebidas", lê-se na nota de imprensa.
O festival abre hoje na Culturgest com "Promised Sky", de Erige Sehiri, uma produção franco-tunisina que esteve na secção "Un Certain Regard" do festival de Cannes.
Erige Sehiri "faz um retrato íntimo e poético de três mulheres da Costa do Marfim em Tunes, destacando as experiências frequentemente ignoradas dos imigrantes africanos negros no Magrebe", refere a sinopse.
Entre as obras escolhidas, a exibir também na Culturgest, está o documentário "From Ground Zero", no qual o realizador palestiniano Rashid Masharawi reúne 22 curtas-metragens feitas com outros realizadores que relatam as suas vidas em Gaza.
O festival contará ainda com "A mãe de todas as mentiras" (2023), filme de pendor biográfico da realizadora marroquina Asmae El Moudir, que lhe valeu um prémio de realização em 2023, em Cannes.
Um dos filmes a exibir na Cinemateca é "Leila and the Wolves" (1984), de Heiny Srour, "realizadora relevantíssima no panorama do cinema árabe", a primeira mulher a fazer cinema no Líbano.
O Lisbon Arab Film Festival termina com "Aisha Can`t Fly Away", primeira obra de ficção do realizador egípcio Morad Mostafa, presente na programação de Cannes 2025, sobre uma cuidadora sudanesa que vive num bairro no coração do Cairo, "onde testemunha a tensão entre os seus colegas migrantes africanos e os gangues locais".