Festival Imago Lisboa inaugura dez exposições de fotografia contra racismo e xenofobia

A 7.ª edição do Imago Lisboa - Photo Festival, dedicado à fotografia de autor, vai apresentar dez exposições na capital portuguesa sob o tema do racismo e xenofobia "para consciencialização cívica", sublinhou hoje a organização.

Lusa /

Numa visita guiada para jornalistas ao primeiro dos dez núcleos de fotografia do certame, o diretor do festival, Rui Prata, ressalvou que "o foco nas questões raciais e na xenofobia deste ano não tem origem nos recentes acontecimentos na sociedade portuguesa, mas estava pensado há cerca de dois anos".

Nesta 7.ª edição, o Imago, que terá como título "Breaking the Silence. Walking Together" ("Quebrando o Silêncio. Caminhando Juntos", em tradução livre), vai estender-se pelos meses de setembro, outubro e novembro em dez espaços culturais de Lisboa, com cerca de 25 artistas portugueses e estrangeiros.

"Como sempre, o Festival Imago visa promover diferentes práticas fotográficas, desde as de cariz mais artístico às de índole mais documental, afirmando-se como um espaço plural de encontro e reflexão em torno da imagem fotográfica", salientou Rui Prata na visita à exposição da SNBA, intitulada "Invisible Borders" ("Fronteiras Invisíveis").

Esta exposição reúne obras de Alina Zaharia, Gloria Oyarzabal, Grace Ribeiro, Patrick Rastenberger, Omar Victor Diop, Wendel A. White, procurando constituir-se num "alerta sobre a subtileza e a brutalidade do racismo".

Alina Zaharia, uma das artistas presentes na visita guiada, falou no seu trabalho com a comunidade cigana, em Lisboa, que desenvolve desde 2023, depois de ter conseguido conviver com esta minoria.

"Este projeto não é sobre os estereótipos, mas sobre a normalidade do dia-a-dia", salientou, acrescentando que a comunidade cigana "é muito unida, sobretudo através da prática religiosa -- são protestantes evangélicos - tem orgulho da sua cultura e procura proteger os seus valores, porque durante muitos anos a sua língua foi proibida em Portugal".

A imigração, o colonialismo e pós-colonialismo, a exploração e a mercantilização dos corpos das mulheres negras, as fotografias de arquivo sobre as histórias de família e o racismo estrutural percorrem as exposições do festival.

No dia 18 de setembro, às 18:00, é inaugurada, no Museu da Água, a mostra "Estiagem", de João Mariano, e a 09 de outubro, à mesma hora, na Galeria de Santa Maria Maior, será a vez de "My Place It Is Also here" ("O meu lugar também é aqui", em ), de Edith Roux e Fatoumata Diabaté.

"Eu comecei em 1987 com o ainda vivo `Encontros da Imagem de Braga` e, tendo mudado para Lisboa por razões pessoais, parecia-me que fazia todo o sentido que a capital tivesse um festival de fotografia como a generalidade das capitais europeias", recordou Rui Prata sobre as origens do Imago, iniciado em 2019.

Com base naquela vontade, falou, na altura, com a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, "que achou a ideia consistente, e o maior apoio financeiro tem vindo sempre da autarquia", afirmou, apontando ainda o papel das entidades culturais parceiras que cedem os espaços para as exposições.

Nas duas primeiras edições - indicou Rui Prata -- a organização "teve a preocupação de convidar curadores estrangeiros para propor aquilo que consideravam as linhas mais relevantes da fotografia de autor", e nas últimas quatro edições foi decidido tematizar o festival, "com um conceito que possa usar as imagens para promover uma reflexão em torno do seu conteúdo visual e conceptual".

"Há esta preocupação em associar a fotografia a questões de ordem mais pedagógica e de consciencialização cívica. Nesta perspetiva, este projeto parece-me bastante conseguido", avaliou o diretor do festival.

Em anos anteriores, os temas do Imago já recaíram em questões da violência na sociedade, a ação humana sobre o planeta, e está previsto o tema das novas tecnologias e a Inteligência Artificial em futuras edições.

"O Imago tem um foco na fotografia de autor, desenvolvida na perspetiva da criação de um projeto com uma narrativa específica e uma pesquisa visual, num conceito dentro das artes", explanou o também curador.

Para o tema deste ano, "Breaking the Silence. Walking Together", a investigação foi alvo de profunda análise e diálogo por parte dos comissários Anna Fox, Anne Nwakalor, Elina Heikka e do próprio Rui Prata.

A 10 de outubro, sempre à mesma hora inaugural, abrirá, nos Jardins do Bombarda, "Histórias do Povo Cigano", com o Movimento de Expressão Fotográfica, Orkhéstra e Ricardo Bento, seguida, a 15 de outubro, no Arquivo Municipal de Lisboa -- Fotográfico, de "Estrela de Seis Pontas", de Pedro Medeiros.

No dia seguinte, nas Carpintarias de São Lázaro, será a vez de "The Journey: From Then to Now" ("A Viagem: De então até agora"), com obras de Adiam Yemane, Giya Makondo-Willis, Jono Terry, KC Nwakalor, Obayomi Anthony e Tayo Adekunle.

No piso zero das Carpintarias de São Lázaro, estará "Radiations of War", de Yana Kononova.

A 17 de outubro, às 22:00, na Galeria Imago Lisboa, será ainda inaugurada "Portugal is not a small country" ("Portugal não é um país pequeno"), de Nuno Perestrelo, e na Imago Garage, "Putting Ourselves in the Picture" ("Colocarmo-nos na fotografia"), com curadoria de Anna Fox.

O fotógrafo Augusto Brázio irá ainda inaugurar, a 18 de outubro, no espaço Procurar-te, a exposição "O Bairro", e a 20 de novembro, às 18:00, será a vez do Museu Nacional de Arte Contemporânea -- Museu do Chiado, acolher "Emotional Encounters" ("Encontros Emocionais"), de Sofia Yala, Yassemin Forte e Aline Motta.

Além das Exposições, o Imago Lisboa -- Photo Festival também possui um programa com atividades paralelas, com oficinas, mesas redondas, projeções, leitura de portfólios e visitas guiadas às exposições.

A programação completa está disponível no site www.imagolisboa.pt.

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