O presidente do Conselho do Festival, Dinko Tucakovic, demitiu- se na sequência do incidente e contou que "a situação foi tão grave que o Conselho teve de aceitar a sugestão de não apresentar a película".

"Nenhum de nós - assinalou à estação de rádio B92 - se atreveu a assumir a decisão de tratar de assuntos estatais".

A embaixada chinesa em Belgrado pediu que o filme de Lou, com imagens não censuradas da repressão das manifestações na praça de Tiananmen em Junho de 1989, fosse eliminado do festival, dadas "as boas relações bilaterais" entre a China e a Sérvia, indicaram os organizadores do festival, inaugurado na passada terça-feira.

Segundo as fontes, em vista do pedido da embaixada, o ministério dos Negócios Estrangeiros sérvio "sugeriu" que a película não fosse exibida, atentos "os altos interesses do Estado".

O MNE sérvio assegurou, entretanto, em comunicado, que se limitara a transmitir aos responsáveis do Festival o pedido chinês, nada lhes tendo sugerido.

"Trata-se de altos interesses estatais e isto foi uma escolha entre o prudente e o corajoso. Por isso, optámos pelo prudente", não exibindo o filme, justificou o secretário dos Assuntos Culturais de Belgrado, Dorijan Mihajlovic.

Na opinião deste alto responsável, citado pelo jornal "Politika", se a película tivesse sido exibida, "a Sérvia poderia prejudicar as suas boas relações com um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU".

Mihajlovic aludia ao apoio que a Sérvia espera obter da China na sua luta para impedir a eventual secessão da província do Kosovo, de maioria albanesa e cujo estatuto está a ser negociado sob a mediação da ONU.

Apesar da oposição chinesa, "Summer Palace" foi apresentada no Festival de Cannes e na Eslovénia.

Pequim proibiu a exibição da película e negou a Lou Ye autorização para trabalhar no cinema, no seu país, durante cinco anos.