Filme de Clint Eastwood sobre Iwo Jima faz sucesso no Japão
"Cartas de Iwo Jima", o filme de Clint Eastwood sobre a sangrenta batalha entre norte-americanos e japoneses em 1945, vista do lado japonês, está a fazer sucesso nas salas de cinema nipónicas.
Este é o segundo filme de Eastwood sobre um dos momentos-chave da campanha no Pacífico durante a segunda guerra mundial, depois de "As bandeiras dos nossos pais" (estreia quinta-feira em Portugal), que apresenta a mesma batalha na perspectiva dos norte-americanos, os vencedores.
Em Fevereiro de 1945, Iwo Jima, uma ilha perdida 1.200 quilómetros a sul de Tóquio, foi palco de intensos combates que provocaram 6.821 mortos nas fileiras norte-americanas e 21.900 mortos no exército imperial nipónico.
A batalha ficou imortalizada pela foto da bandeira norte- americana a ser içada por soldados dos EUA.
Desde a estreia, a 9 de Dezembro, "Cartas de Iwo Jima" tornou-se um êxito de bilheteira no Japão, onde já foi visto por três milhões de espectadores e rendeu 26 milhões de euros, segundo a Warner.
"Um grande filme com cenas inesquecíveis. Tenho pena dos soldados japoneses que morreram, mas foi devido ao sacrifício deles que o Japão é hoje um país pacífico", afirmou Hisako Komatsu, uma funcionária de 52 anos, à saída de uma sala de cinema de Tóquio.
Hachiro Minobe, 81 anos, escapou aos bombardeamentos de Tóquio em 1945 e congratula-se por os japoneses não aparecerem como "os maus" num filme sobre a guerra no Pacífico.
"É um bom filme, mas porquê matarmo-nos uns aos outros? Porque é que os homens têm de morrer assim? Temos de respeitar a vida e a paz", adiantou, citado pela AFP.
"Acho notável que um norte-americano tenha sido capaz de mostrar as vítimas japonesas. É incrível. Se este filme fosse de japoneses, estes seriam acusados de nacionalismo", referiu Takeo Baba, um estudante universitário de 22 anos, que confessou ter chorado três vezes quando viu "Cartas de Iwo Jima".
Ken Watanabe, estrela do filme, onde interpreta o papel do general Tadamichi Kuribayashi, encarregue da defesa de Iwo Jima, é o mais célebre actor japonês do momento.
"Não há propriamente um vencedor" - disse Clint Eastwood numa conferência de imprensa em Tóquio - "É sempre a mesma coisa, jovens que são sacrificados na flor da idade. É preciso não esquecer isso".
Clint Eastwood, norte-americano, 76 anos, recebeu há dois anos um Óscar de melhor realizador pelo filme "Million Dollar Baby - Sonhos Perdidos".
Um outro filme deste actor e realizador, "Imperdoável" (de 1992), foi também premiado pela Academia de cinema norte-americana.
"Cartas de Iwo Jima" deverá estrear-se em Portugal a 15 de Fevereiro.