"Não aceitamos que o dinheiro dos nossos impostos seja canalizado para um espetáculo que perpetua violência injustificada contra animais", afirmou em comunicado a Ação Direta pela Libertação Animal, referindo que o protesto se enquadra no âmbito de uma campanha internacional levada a cabo pelo movimento cívico Cidadãos Pelos Circos Sem Animais (CCSA).

Em causa está a rodagem em Portugal do filme "O grande circo místico", do realizador brasileiro Carlos Diegues, com coprodução luso-brasileira e francesa, e que implica a utilização de animais de circo.

A Ação Direta pela Libertação Animal recorda que, no Brasil, a lei proibe a utilização de animais de circo em atividades culturais "pelos comprovados maus-tratos a que os mesmos estão sujeitos".

Esta não é a primeira vez que aquele projeto cinematográfico causa polémica. Em outubro passado, a Associação Vida Animal avançou com uma petição pública apelando a Carlos Diegues para que não utilizasse animais no filme e criticando o Governo português, por ter apoiado esta produção de cinema.

Na altura, em declarações à agência Lusa, a produtora brasileira Renata de Almeida Magalhães rejeitou qualquer ideia de maltrato de animais e que estes seriam utilizados no filme em situações de um quotidiano de circo: "Não há nenhum motivo para que sejamos tratados como `monstros-­que-maltratam-animais`".

"A história do Circo Vitor Hugo Cardinali assegura-nos que estamos trabalhando com uma das pessoas mais sérias do universo circense", afirmou a produtora.

Além da questão legal, sobre a utilização de animais de circo, Renata de Almeida Magalhães afirmou que a produção brasileira estava "feliz" por, "de alguma forma, contribuir para o aquecimento de um dos setores [audiovisual] que mais sofreram com a crise que se abateu sobre a Europa".

A rodagem teve início em janeiro, em vários espaços de Lisboa e Sintra, e conta no elenco com cerca de 80 atores, entre os quais António Fagundes, Catherine Mouchet, Vincent Cassel, Jesuíta Barbosa e Nuno Lopes, equipa técnica portuguesa e animais do circo de Vitor Hugo Cardinali.

"O grande circo místico", poema de Jorge de Lima, foi adaptado nos anos 1980 para um espetáculo de música e dança, com composições de Chico Buarque e Edu Lobo, que chegou a ser apresentado em Lisboa.