Fotógrafo moçambicano Mário Macilau destaque na feira AKAA 2025 em Paris
O fotógrafo moçambicano Mário Macilau será destaque da edição dos 10 anos da Also Known As Africa (AKAA), umas das principais feiras de arte contemporânea e design artístico africana, a decorrer no fim de semana, em Paris, foi hoje anunciado.
"A imagem de cartaz, protagonizada por uma obra de Macilau, representa não apenas a sua estética visual profundamente reconhecível, mas também o compromisso ético e poético que sustenta a sua prática artística", afirma a organização da AKAA, em comunicado.
A organização explica ter escolhido uma das obras de Macilau como imagem oficial do cartaz da feira - que decorrerá de sexta-feira a domingo próximos -, para a comemoração de uma década, por reconhecer a sua estética singular e o compromisso ético e poético que atravessa a sua prática artística.
Nascido em Maputo, em 1984, Mário Macilau iniciou-se na fotografia em 2003, profissionalizando-se quatro anos depois. É reconhecido pelos projetos imersivos e de longo prazo, que abordam temas como identidade, política, espiritualidade e justiça social.
Mário Macilau afirmou que 2025 tem sido "uma fase cheia de projetos e grandes encontros" que marcam a sua trajetória artística.
"A fotografia é para mim uma forma de escuta, resistência e partilha do que muitas vezes fica invisível", escreveu o artista, numa publicação na sua conta na rede social Facebook, acrescentando que este ano participa em várias exposições internacionais, com destaque para a AKAA 2025, em Paris, e a ART X Lagos, na Nigéria.
Macilau sublinhou que estas participações representam "uma viagem maior", onde a arte se afirma como uma das formas para "transformar o mundo social e ambientalmente".
Com uma carreira marcada pelo compromisso social e estético, o artista tornou-se uma das vozes mais proeminentes da fotografia africana contemporânea, utilizando a arte como instrumento de reflexão e transformação.
Segundo a AKAA, o impacto de Macilau ultrapassa fronteiras, com exposições em instituições como o MoMA (Nova Iorque), a Tate Modern (Londres), a Fondation Blachère (França) e a Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa).
O fotógrafo participou ainda na Bienal de Veneza de 2015, no Vitra Design Museum, na Saatchi Gallery e na Bienal de Casablanca, sendo distinguido com títulos como o Prémio da União Europeia para o Ambiente (2015) e a Bolsa UNESCO-Aschberg para as Artes Visuais (2014).
Na edição de 2025, a feira presta homenagem à força criativa de artistas, galerias e projetos curatoriais que, ao longo da última década, contribuíram para redefinir as narrativas da arte africana contemporânea.
A imagem de cartaz protagonizada por Macilau simboliza esta trajetória uma, "voz singular na fotografia contemporânea, abordando temas como espiritualidade ancestral, justiça social, invisibilidade e território".
A participação de Mário Macilau na AKAA acontece em colaboração com a Movart Gallery, que também celebra 10 anos de atividade em 2025.
"Esta coincidência marca um ponto de encontro entre duas trajetórias paralelas e visionárias, ambas comprometidas com o fortalecimento de vozes artísticas africanas no cenário internacional", acrescentou a organização.
Lançada em 2016, a AKAA consolidou-se como a principal feira dedicada a artistas africanos e da diáspora em França, reunindo anualmente criadores, curadores e colecionadores no Carreau du Temple, em Paris. Além da exposição principal, o evento inclui a plataforma cultural "Les Rencontres", com debates, conferências e performances que promovem o diálogo sobre a arte africana contemporânea e suas transformações.
Segundo o comunicado, o fotógrafo moçambicano foi ainda nomeado como um dos "10 Favoritos da Manifesta", no contexto das celebrações dos 10 anos da plataforma internacional de arte contemporânea cofundada por Céline Melon e Marie Roussille. A organização refere que a distinção "destaca a relevância do seu trabalho fotográfico, que atravessa fronteiras geográficas, estéticas e espirituais, estabelecendo pontes entre tradição e contemporaneidade".