Fundação destaca liderança editorial de Moçambique nos PALOP

A Fundação Fernando Leite Couto aponta a vitalidade editorial de Moçambique, ao liderar na produção literária entre os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), que relança o interesse na próxima edição da feira "Ler é uma Festa".

Lusa /

"Só para ter uma ideia, há poucos dias houve a divulgação do Prémio Leya 2025, em Portugal, e os três países com mais representantes a concorrer para o Prémio Leya foram Portugal, Brasil e Moçambique", começou por explicar o coordenador editorial da fundação, Celso Muianga, em entrevista à Lusa.

"Então, essas dez editoras moçambicanas vêm demonstrar que, de facto, Moçambique ocupa o primeiro lugar em termos editoriais nos PALOP", acrescentou, sobre os 31 trabalhos originais de autores moçambicanos levados ao Prémio LeYa 2025, cuja vencedora foi Carla Pais, avaliados por um júri que também contou com o moçambicano Lourenço do Rosário, ex-reitor da Universidade Politécnica de Maputo.

A Fundação Fernando Leite Couto, que é também um centro cultural na capital moçambicana, Maputo, foi criada em 2015, com o nome do autor Fernando Leite Couto, por Mia Couto, um dos autors mais conhecidos de Moçambique, com o objetivo de promover as artes, a cultura e a literatura de Moçambique.

Uma dessas iniciativas, que já vai na sétima edição, é a feira "Ler é uma Festa", que vai decorrer de 25 de novembro a 09 de dezembro, integrada nas celebrações dos dez anos da fundação, reunindo dez editoras independentes e uma distribuidora, com foco exclusivo na produção editorial moçambicana, dando continuidade a eventos literários iniciados em 2016, um ano após a inauguração da instituição.

Celso Muianga explicou que a feira apresentará "centenas de autores", incluindo obras de autores lusófonos publicadas por casas moçambicanas.

"Vamos ter editoras moçambicanas que publicam autores portugueses ou brasileiros. Então, isto é para mostrar o que há de melhor produzido por editoras moçambicanas", acrescentou.

Nas celebrações da primeira década da Fundação, Muianga destacou o papel da instituição na consolidação da literatura moçambicana.

"Quando surgimos em 2015 conseguimos integrar vários movimentos literários dispersos, como o Café Debate, Poetas d`Alma ou Noites de Poesia. Em dez anos, publicámos 15 novos autores, muitos deles com o primeiro livro", afirmou, sublinhando que vários obras de edição própria já foram editadas em Portugal, Espanha e Brasil.

A programação inclui sessões de autógrafos de hora em hora, debates e lançamentos, além de espetáculos musicais.

"Queremos sugerir novos formatos de interação social e aproximar editoras e leitores", afirmou.

Questionado sobre o impacto esperado, Muianga disse que a Fundação quer "formar novos leitores" e incentivar a circulação de livros no país. Pretendem ainda expandir a feira para outras províncias.

A edição de 2025 surge após forte instabilidade nacional, no contexto das manifestações pós-eleitorais, que marcou a feira de 2024.

"Fizemos em três dias, a pedido do público, num contexto completamente incerto, mas já aconteceu", recordou.

 

Tópicos
PUB