Fundação Princesa das Astúrias elogia "a voz e a pena sempre lúcidas" de Quino

por Lusa

A Fundação Princesa das Astúrias elogiou hoje "a voz e a pena sempre lúcidas, certeiras e humanas" do autor argentino Joaquín Salvador Lavado, conhecido como Quino e criador de Mafalda, que morreu hoje, aos 88 anos.

Quino, Prémio Príncipe das Astúrias 2014 de Comunicação e Humanidades, foi "um dos mais destacados humoristas gráficos do mundo" e "além e sobretudo, pai da Mafalda", afirmou a instituição de Oviedo em comunicado.

"Com ele desaparece uma forma irónica, terna, original e verdadeira de ver o mundo, pela qual o recordaremos sempre com especial admiração, carinho e gratidão", sublinhou a fundação.

"Nestes tempos de incertezas, vamos sentir falta da sua voz e da sua pena, sempre lúcidas, sempre certeiras, sempre humanas. Todos os dias, na sua memória, saudaremos Mafalda com um sorriso ao passar pelo Campo São Francisco de Oviedo", acrescentou a fundação numa referência à estátua que Quino inaugurou em 2014 na capital asturiana, a única autorizada pelo autor além da de Buenos Aires.

O júri que lhe atribuiu o Prémio Princesa das Astúrias de Comunicação e Humanidades, em 2014, lembrou que Quino alcançou fama internacional com a criação do universo de Mafalda, uma "rapariga inteligente, irónica, inconformada, rebelde e sensível" que "percebe a complexidade do mundo pela simplicidade dos olhos das crianças" e "sonha com um mundo mais digno, justo e respeitador dos direitos humanos".

No 50º aniversário do nascimento de Mafalda, "as mensagens lúcidas" de Quino, cujas personagens "transcendem qualquer geografia, idade e condição social", ainda estavam atuais "por terem sabiamente aliado a simplicidade do desenho à profundidade do seu pensamento", elogiou a fundação.

Quino aproveitou a sua visita a Oviedo em outubro de 2014 para receber o galardão dos reis de Espanha e inaugurar, no parque central de São Francisco de Oviedo, uma réplica de oitenta centímetros da estátua de Mafalda que já existia em Buenos Aires desde 2009 e que, nestes anos, se tornou uma atração para pequenos e graúdos.

O autor argentino Quino morreu hoje em Mendoza, na Argentina, aos 88 anos, revelou a agência Efe.

De acordo com o jornal argentino Clarín, Quino morreu na sequência de um acidente vascular cerebral que sofreu na semana passada.

Filho de espanhóis, nascido em Mendoza, em 1932, Joaquín Salvador Lavado, conhecido como Quino, desenhou e publicou vários livros de desenho gráfico para um público mais adulto, nos quais predomina um humor corrosivo e negro sobre a realidade social e política.

Ficou célebre, porém, por uma personagem que se tornou numa das mais improváveis comentadoras políticas da atualidade, Mafalda, uma menina que detestava sopa, adorava os Beatles e tinha monólogos preocupados e existencialistas, em frente a um globo terrestre.

 

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