Governo volta a atribuir bolsas para escritores e ilustradores

por João Fernando Ramos, Rui Sá

O ministério da Cultura vai retomar o programa de bolsas de incentivo à criação literária. A ideia foi lançada em 1997, mas acabou por ser interrompida em 2002.
"Escrever é um trabalho. A remuneração desse trabalho é feita através dos direitos de autor, e nem sempre isso permite ao viver da atividade", diz no Jornal 2 Luís Filipe Castro Mendes. O ministro da Cultura quer "dar condições aos escritores para poderem ter a dedicação exclusiva que muitas vezes pode ser decisiva para a sua obra".
Doze criadores vão assim poder receber um subsídio de perto de mil euros por mês, durante um máximo de um ano, para produzirem uma obra.

Pela primeira vez, são admitidas candidaturas de autores sem obra publicada Pela primeira vez, há também um incentivo à banda desenhada, à literatura infanto-juvenil e à ilustração.

"As bolsas de criação literária destinam-se aos poetas, aos ficcionistas, aos dramaturgos, e agora reconhecem também a importância destas outras formas de criação" , afirma no Jornal 2 o ministro da Cultura que explica que o processo de seleção de candidaturas, que não irá excluir quem não tem qualquer obra publicada, vai ficar ao cargo de um jurí nacional que analisará os projetos submetidos.

O estado reserva 180 mil euros para este projecto que pode financiar a dedicação exclusiva dos autores por períodos de seis meses a um ano.

Em paralelo Luís Filipe Castro Mendes fala em novos apoios para as pequenas livrarias e na reforma do Plano Nacional de Leitura, que deixará de estar na dependência exclusiva do ministério da educação.

"Vai passar a funcionar em articulação com as pastas da Cultura, da Educação e da Ciência e Ensino Superior". O ministro fala em revitalização do programa e deixa antever o seu alargamento.

O líder do PSD acusa o atual governo de falhar nas políticas da Cultura.

Pedro Passos Coelho afirmou nas Jornadas Parlamentares do seu partido sobre Cultura e Património que a criação de um ministério para esta área não se traduziu numa maior visibilidade política ou tão pouco em resultados.

O ex-Primeiro-ministro lembra que, apesar das restrições económicas enquanto governou, tem motivos para sentir orgulho do que fez na cultura.

No Jornal 2 o atual titular do ministério responde de forma contundente. "Querer vender os Mirós em leilão em Londres não é uma grande ação pela Cultura".

O ministro revela que muito do trabalho do último ano tem sido feito nos bastidores organizando as estruturas administrativas de gestão da Cultura "que sofreram uma grande desarticulação com o anterior governo".

Luís Filipe Castro Mendes revelou que preferia um orçamento com outra expressão para esta área, mas dá destaque ao reforço de dezanove milhões de euros para investir no setor e garante que "a nossa vontade de fazer coisas não pára com os limites orçamentais".
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