Grupo de Amigos de Vila Viçosa defende criação de Casa-Museu de Florbela Espanca

O Grupo de Amigos de Vila Viçosa (Évora) defendeu hoje a criação da Casa-Museu de Florbela Espanca, um projeto antigo em "banho-maria", por falta de edifício, mas que colocaria o concelho na "rota" do turismo literário.

Lusa /

"Temos batalhado muito pelo projeto e, desde 2011, quando fizemos um primeiro congresso sobre Florbela Espanca, tentámos de todas as maneiras dinamizar um processo que levasse à compra da casa-museu", destacou hoje à agência Lusa Noémia Serrano, do Grupo de Amigos de Vila Viçosa.

Só que, para a aquisição da casa da poetisa, facto assinalado por uma placa colocada na fachada, "é preciso contar com o apoio da Câmara de Vila Viçosa", já que o Grupo de Amigos "é um grupo de `carolas`, sem subsídios, nem apoios financeiros", frisou.

A Lusa tentou, por diversas vezes, contactar o município de Vila Viçosa para saber se a autarquia tem algum projeto para a criação desta casa-museu, mas o executivo esteve incontactável, por telefone e correio eletrónico.

Segundo Noémia Serrano, o Grupo de Amigos tem "um espólio muito valioso" de Florbela Espanca, natural de Vila Viçosa (1894-1930), e quer "mostrá-lo, mas a casa é a única coisa que falta".

A casa, indicou, "está na posse de um casal, que está separado. Esses são os herdeiros e ainda não chegaram a entendimento" com a câmara.

O edifício até "está degradado", mas o que interessa "era que a câmara o pudesse adquirir", defendeu, garantindo que, a seguir, o Grupo de Amigos e "todos os grupos e associações que têm ligação a Vila Viçosa" estariam "disponíveis" para ajudar a concretizar o projeto.

O espólio da poetisa na posse do Grupo de Amigos de Vila Viçosa "foi doado pelo seu terceiro e último marido, Mário Laje", e foi "organizado e inventariado pela Universidade de Évora, com a ajuda de alguns mestrandos e doutorandos", disse.

"O inventário inclui desde manuscritos, livros que a Florbela traduziu, objetos pessoais, entre outros", referiu Noémia Serrano, exemplificando que integra "poemas originais escritos pela mão" da poetisa, "o seu diário ou o berço".

Caso fosse criada a casa-museu, o Grupo de Amigos de Vila Viçosa, que tem agora este espólio guardado, estaria "disposto, através de uma parceria, a disponibilizá-lo" ao município, para que fosse mostrado, mas não para fazer uma doação.

"Faz todo o sentido ter aqui um turismo cultural e literário. Temos aqui o Bento Jesus Caraça, a Florbela Espanca e temos ainda algumas coisas de Ramalho Ortigão, portanto, a matéria-prima está cá, só precisa de ser trabalhada", defendeu.

E o Grupo de Amigos, em parceria com o Grémio Literário de Lisboa, até já costuma promover "circuitos florbelianos" por Évora e Vila Viçosa, em que "os participantes percorrem os espaços de vivência de Florbela Espanca".

A autora do "Livro de Mágoas", "Livro de Soror Saudade", "Charneca em Flor" ou "Juvenília" é considerada uma das mais brilhantes poetisas de língua portuguesa de todos os tempos.

A poetisa nasceu em Vila Viçosa, a 08 de dezembro de 1894, e faleceu em Matosinhos, de 07 para 08 de dezembro de 1930, com 36 anos. Foi sepultada naquela localidade do norte, mas os seus restos mortais foram depois trasladados para o cemitério de Vila Viçosa.

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