Guia Michelin é uma honra, mas clientes são o mais importante

Lisboa, 23 nov (Lusa) -- Uma honra, mas também uma grande responsabilidade: é assim que cozinheiros de restaurantes portugueses premiados pelo Guia Michelin caracterizam a distinção, mas garantem que o que importa é a satisfação dos clientes.

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Na véspera da entrega dos galardões da Península Ibérica, o restaurante do hotel VilaJoya (Albufeira), comandado por Dieter Koschina, é o único em Portugal com duas estrelas Michelin, distinção que se repete desde 1999.

O segredo, garantiu à Lusa Matteo Fernandino, braço direito do chefe austríaco, está em fazer "cozinha de amor, boa, muito boa", sem pensar nos prémios.

"Temos uma cozinha de produto. Podemos fazer pratos portugueses, espanhóis, italianos ou franceses. O importante é o produto fresco e muito bom", descreveu, elogiando o "peixe espetacular" do Algarve.

Sobre a distinção do Guia Michelin, Matteo Fernandino afirma que a equipa ficará "contentíssima" se mantiver no próximo ano as duas estrelas. "É melhor ter duas estrelas e ter tudo bem feito do que três estrelas com `stress`", disse.

Albano Lourenço tem garantido desde 2004 uma estrela do "guia vermelho" ao Arcadas da Capela (Coimbra).

Afirma-se como "um autodidata", autor de uma cozinha que realça os produtos "do mar e da serra", garantindo "um empurrão técnico sem perder a essência" e trazendo "para a mesa aquilo de que as pessoas gostam".

"Tentamos fazer tudo bem todos os dias, para surpreender os nossos clientes, que vêm à espera de algo que nos diferencie", afirmou à Lusa.

Albano Lourenço garante que nos últimos anos se nota uma procura cada vez maior por clientes que fazem uma espécie de roteiro dos restaurantes distinguidos pelo guia Michelin, incluindo público português.

Quando o francês Vincent Farges chegou ao Fortaleza do Guincho, já este restaurante de Cascais tinha uma estrela Michelin, uma distinção que o cozinheiro tem mantido nos últimos anos.

"É uma recompensa e uma responsabilidade grande", admite, mas garante que o que mais importa são os clientes: "O guia é uma referência, mas apenas isso. O peso mais importante para nós é a satisfação dos clientes".

A sua cozinha procura ser "verdadeira, pura, feita com amor e perfeição". É de inspiração francesa -- o chefe com três estrelas Michelin Antoine Westermann é consultor do restaurante -, mas "adaptada aos sabores e gostos portugueses".

O austríaco Hans Neuner conquistou uma estrela para o The Ocean (Lagoa), uma atribuição que o deixou "muito feliz", mas admite que sente permanentemente "a pressão de pensar o que se melhorar e fazer diferente".

"Já ganhei uma estrela e se continuar a trabalhar arduamente, talvez conquiste a segunda", disse o chefe, autor de uma "cozinha moderna com produtos de Portugal".

No entanto, sublinhou, o prémio não é determinante: "Se eu estiver sempre a pensar nas estrelas, deixo de estar concentrado na cozinha. Fazemos o nosso melhor e depois o guia é que decide".

Na véspera da apresentação do Guia Michelin Portugal e Espanha 2012 -- que decorre esta quinta-feira em Barcelona - a ansiedade sobre o anúncio domina os cozinheiros. Só Vincent Farges parece ser uma exceção: "Vou dormir muito bem. Eu sei o que faço. Se vier a segunda estrela, vem. Se não, não vou chorar por isso. Parece cru o que eu estou a dizer, mas é verdade".

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