"Hamlet" pela Companhia do Chapitô abre I Mostra Cénica Iberoamericana em Tenerife

por Lusa

Lisboa, 22 mar (Lusa) -- A peça "Hamlet", pela Companhia do Chapitô, abre hoje a I Mostra Cénica Ibero-americana, a decorrer no teatro El Sauzal, em Santa Cruz de Tenerife, Espanha, até 11 de maio, informou a companhia.

Trata-se da segunda vez que a Companhia do Chapitô apresenta uma peça na capital da maior ilha do arquipélago das Canárias, depois de, em 2018, ter representado "Electra", na II edição de Mapas, um mercado profissional destinado ao encontro de criadores de artes cénicas ao vivo, nomeadamente música, teatro, dança, circo e artes de rua e programadores culturais da América latina, África e sul da Europa, segundo a página oficial da iniciativa na internet.

A peça com que a Companhia do Chapitô abre a MEI (Muestra Escénica Iberoamericana, na designação em espanhol) é uma desconstrução da tragédia homónima de Shakespeare, cuja ação se centra numa torre, à maneira de "Playtime" ("Vida moderna"), de Jacques Tati.

Fatos cinzentos, camisas azuis e brancas, gravatas e ténis compõem o figurino dos quatro atores em palco, que remete para um local de trabalho de políticos e da alta finança, conforme a atual "vida moderna", e em que todos acabam por desempenhar o protagonista da tragédia de Shakespeare, cuja ação original se passa na Dinamarca.

No "Hamlet" que a Companhia do Chapitô estreou em janeiro de 2018, no ano em que celebrou o 22.º aniversário, há lugar para a traição, a vingança, a corrupção, a moralidade, sem que haja qualquer violência em palco que não seja a verbal.

"É engraçado porque é uma peça de um homem moderno, o Hamlet, que é o primeiro discurso interior duma personagem, e nós não fizemos discurso interior nenhum. Nós demos ação onde não havia ação e, onde há ação - as mortes e tudo isto -, não existe ação", explicou à agência Lusa o diretor da companhia, José Carlos Garcia, na altura da estreia, na Tenda do Chapitô, em Lisboa.

Nesta encenação, em que se desconstruiu o texto shakespeariano para pôr o público a pensar e para o deixar curioso para ler o original, não há atos de violência que não sejam verbais. "A violência é toda verbal, tem a ver com os nossos tempos", sublinhou, na mesma altura, o encenador, corroborado pela coencenadora Cláudia Nóvoa.

Depois da estreia, "Hamlet", a 36.ª produção da Companhia do Chapitô, fez uma digressão pelo estrangeiro, tendo sido reposta, em janeiro último, na sala onde se estreou.

A peça é uma criação coletiva da Companhia e é uma das nomeadas para o Prémio Autores 2019 (Melhor Espetáculo para Teatro) pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).

Com direção de José Carlos Garcia, Cláudia Nóvoa e Tiago Viegas, a peça tem interpretações de Jorge Cruz, Susana Nunes, Patrícia Ubeda/Ramon de Los Santos e Tiago Viegas.

Dezasseis espetáculos de teatro, dança e circo de 13 companhias de Portugal, Espanha, Cuba e México preenchem a programação da primeira edição da MEI, segundo dados disponíveis na página oficial da iniciativa na internet.

Organizada pelo Instituto de Artes Cénicas de Tenerife, cada edição da MEI terá uma semana focada nas artes cénicas de um país, designada Foco, que este ano será dedicado ao México.

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