Historiador espanhol apresenta investigação sobre Viriato

O historiador espanhol Mauricio Pastor Muñoz, para quem Viriato representou a primeira tentativa organizada de resistência ao poder do Império Romano, falará das suas investigações terça-feira à tarde na FNAC Colombo, em Lisboa.

Agência LUSA /

O livro, "Viriato. A luta pela libertação", editado pela Esquilo, é o resultado da investigação pluridisciplinar do catedrático de Granada Pastor Muñoz, desde os historiadores greco-romanos às lendas construídas em torno do chefe lusitano.

Segundo Pastor Muñoz, "a lenda faz parte da vida e é tão importante e necessária como os factos reais".

O investigador defendeu que "a lenda representa a reacção da mentalidade da época face à personalidade da nossa personagem [Viriato] e permite-nos perceber muito acerca dessa mentalidade e da personalidade do herói".

Mas, para além dos historiadores greco-romanos como Apiano, Diodoro, Políbio e Tito Lívio e as lendas surgidas em torno de Viriato, Pastor Muñoz consultou fontes literárias, arqueológicas e epigráficas.

Entre as conclusões da investigação ressaltam duas linhas essenciais: Viriato foi o primeiro sinal de resistência, tendo unido à sua volta durante oito anos várias tribos mas, por outro lado, será exagerado apresentá-lo como defensor de uma unidade militar e política contra Roma ou até um criador de uma monarquia lusitana.

O investigador espanhol frisou que "a acção de Viriato, tanto militar como diplomática, fez com que todos os povos vizinhos se mobilizassem contra Roma".

Salientou ainda o historiador que Viriato protagonizou "o último esforço coerente dos lusitanos para se oporem a Roma" e que a sua derrota "significou o fim da resistência à lei romana que acabaria por impor-se em toda a Península Ibérica".

Vários historiadores referem os Montes Hermínios, actual Serra da Estrela, como o local do nascimento de Viriato, uma opinião que não é partilhada por Pastor Muñoz.

Os seus primeiros anos de vida são ainda uma incógnita.

Viriato surge como líder das tribos lusitanas contra Roma no ano de 150 antes de Cristo. Três anos depois derrotou as tropas romanas do pretor Caio Vetílio.

O chefe lusitano vai somando vitórias até ao ano de 140 antes de Cristo, quando assina a paz com Roma, no ano seguinte é assassinado enquanto dormia.

Viriato é, na descrição dos autores clássicos um "homem sóbrio, enérgico, justo e fiel à palavra dada, desprezando em absoluto o luxo e o conforto e, sobretudo um excelente estratega militar".

Sobre esta obra, o académico de História José María Blázquez Martínez, assegurou que ser "um claro exemplo de uma nova forma de abordagem das fontes históricas utilizando um rigoroso método histórico, que nos permite aprender com o passado desfrutando dele".

Para Blázquez Martínez, o livro vem preencher uma lacuna bibliográfica, pois "fazia falta uma boa e documentada monografia, dinâmica e completa, sobre o líder dos lusitanos, que recolhesse também todos os dados históricos e fictícios sobre Viriato e fizesse uma nova análise pormenorizada das fontes antigas e interpretações modernas".

Mauricio Pastor Muñoz, 56 anos, é licenciado em Filologia Clássica e doutorado pela Universidade de Salamanca em Filosofia e Letras.

Como historiador e arqueólogo dirigiu escavações em Granada (Andaluzia) e na Estremadura espanhola.

É autor de mais de uma centena de publicações científicas sobre diversas matérias da História Antiga da Península Ibérica.

Na FNAC Colombo, em Lisboa, a obra será apresentada, pelas 18:30, pelo catedrático Amílcar Guerra da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

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