À margem da representação oficial portuguesa, a cargo de Eduardo Souto de Moura e Ângelo de Sousa, o realizador português foi convidado pelo comissário geral da bienal de arquitectura para fazer um filme sobre Roma.

Hugo Vieira da Silva foi um dos sete realizadores convidados a participar na exposição "Uneternal City", composta por projectos de 12 estúdios de arquitectura de todo o mundo que propõe novos espaços e edifícios arquitectónicos para Roma.

Cada um dos filmes está agregado a um projecto arquitectónico e será exibido em permanência até ao final da bienal, em Novembro.

Vieira da Silva escolheu o estúdio do arquitecto norte-americano Clark Stevens, que apresenta na bienal de Veneza um projecto de regresso dos ursos à capital italiana.

"Todos os projectos estavam ligados a edifícios ou a planificação urbanística e este foi o que me pareceu mais surreal, por essa possibilidade de os ursos voltarem a Roma. O projecto dele [Clark Stevens] não é nenhum edifício, é uma ideia utópica de regresso dos ursos", disse Hugo Vieira da Silva à agência Lusa.

A ideia serviu de ponto de partida para Hugo Vieira da Silva rodar em Julho em Roma uma curta-metragem que "não é um filme narrativo, antes explora o lado mais performativo do corpo".

Para "The bear´s walk", Hugo Vieira da Silva contou com a colaboração da actriz portuguesa Vânia Rovisco, que estará disfarçada na pele de um urso.

Além de Hugo Vieira da Silva, foram convidados os realizadores Aku Louhimies (Finlândia), Fei, Paolo Scarfò (Itália), Enda Hughes e Asif Kapadia (Reino Unido) e Guo Xiaolu (China).

A Mostra Internacional de Arquitectura começa a 14 de Setembro, mas os sete filmes serão exibidos esta semana, como se fossem uma só longa-metragem, no Festival de Cinema de Veneza.

Hugo Vieira da Silva, 34 anos e a residir em Berlim há seis, estreou-se com o filme "Body Rice" e prepara-se para iniciar, em Janeiro na Alemanha, a rodagem da segunda longa-metragem, intitulada "Red Cross".

O realizador assina também o argumento deste filme que é "sobre alguém que viveu em Berlim, que é obrigado a regressar ao fim de 15 anos e que é confrontado com coisas que não estava à espera de encontrar".

"É um filme sobre a doença, sobre o Inverno, sobre estabelecer relações onde já não se tem", disse o realizador, referindo ainda a ironia de o título "Red cross" remeter para a Cruz Vermelha.

SS.