Inédito orgão de marés vai animar zona ribeirinha do Porto
Um inédito órgão de marés vai ser instalado junto ao `Estaleiro do Ouro`, na margem do Douro, no quadro do projecto de requalificação daquela zona ribeirinha da cidade do Porto, perto da zona da foz do rio.
O órgão de marés, cuja maqueta foi hoje apresentada na III Trienal de Arquitectura de Lisboa, consta da proposta que venceu o Concurso de Ideias para a Requalificação do Estaleiro do Ouro, da autoria dos arquitectos Isabel Carvalho e Tiago Vidal e de Paulo Vaz de Carvalho, docente do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro.
"A ideia foi dar uma expressão sonora e musical ao local, que é dominado pela força das marés, concebendo um instrumento musical que interprete esse movimento das águas", afirmou Paulo Vaz de Carvalho, em declarações à Lusa.
Nesse sentido, este técnico musical concebeu "uma caixa, com uma janela mergulhada abaixo do ponto inferior da maré baixa e uma saída de ar acima do ponto superior da maré cheia".
"O movimento de admissão e expulsão do ar pode colocar em funcionamento um órgão de tubos", afirmou, acrescentando que este fluxo de ar gerado pelo movimento das marés pode ser aproveitado de forma permanente ou temporizada.
A caixa, que permitirá assegurar um fluxo de ar de cinco litros por segundo, terá 30 metros de cumprimento, 3 metros de altura e 1,5 metros de largura.
"Esta caixa será inserida num molhe, que, em vez de ser maciço, terá um vazio interno, pelo que o investimento não será muito grande", salientou Paulo Vaz de Carvalho.
O molhe é uma das duas plataformas destinadas a uso público previstas no projecto idealizado por Isabel Carvalho e Tiago Vidal para a zona do Estaleiro do Ouro.
"Uma das plataformas, que visa a relação com a água, é o molhe, a outra plataforma, que tem como objectivo a relação com a cidade, será colocada paralelamente ao passeio que existe no local", revelou Isabel Carvalho, em declarações à Lusa.
"O lugar tem uma relação muito forte com a água e com as marés, que ali registam uma variação muito forte", salientou a arquitecta.
A plataforma que entra pela água será utilizada para a criação da caixa que permitirá fazer funcionar o órgão de marés, enquanto a outra plataforma receberá vários equipamentos, entre os quais um anfiteatro e um restaurante/bar, mas também espaços para aluguer de bicicletas e patins.
O antigo Estaleiro do Ouro, que funcionou até 2005, destinava-se à construção e reparação de embarcações em madeira, sendo uma das últimas marcas da actividade portuária na margem do Douro.
Depois do seu encerramento, o local transformou-se rapidamente num espaço degradado, o que levou a Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL) a promover um concurso de ideias para a sua reabilitação.