Inês Pedrosa quer captar novas fontes de financiamento para desenvolver "trabalho extraordinário" do antecessor

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Lisboa, 11 Fev (Lusa) - A escritora Inês Pedrosa, nova directora da Casa Fernando Pessoa, quer desenvolver "o trabalho extraordinário" do seu antecessor, Francisco José Viegas, e captar novas fontes de financiamento para promover a imagem e a obra do poeta lisboeta.

"Gosto muito do Fernando Pessoa, gosto muito da Casa Fernando Pessoa, que acompanho desde o seu nascimento (em 1993), com a Manuela Júdice, e quero dar continuidade ao trabalho extraordinário do Francisco Viegas e, se possível, dar-lhe outra amplitude", disse hoje à Lusa a nova responsável por aquele equipamento da Câmara Municipal de Lisboa (CML), que inicia funções sexta-feira.

A escritora sucede a Francisco José Viegas, que se demitiu no início deste mês, depois de dois anos no cargo, para voltar a dirigir a revista Ler, editada pelo Círculo de Leitores e que deverá regressar às bancas em Maio.

Para ultrapassar as dificuldades financeiras com que a Casa Fernando Pessoa se debateu na anterior direcção, relacionadas com a crise na CML, e os limites de um orçamento de 172 mil euros para 2008, 156 mil dos quais para obras na cafetaria e no elevador - que está parado -, Inês Pedrosa tem já algumas ideias.

"Criar uma linha de "merchandising" de Fernando Pessoa, com livros, lembranças, t-shirts com a sua poesia... e fazê-lo reverter, pelo menos em parte, para a Casa Fernando Pessoa", revelou.

E também - "porque 15 mil euros para as actividades é pouco" - "estabelecer protocolos com empresas e embaixadas, por exemplo para trazer cá poetas de outros países", prosseguiu.

"A marca Fernando Pessoa é tão forte e tão presente no estrangeiro - há traduções da sua obra em todo o lado - que a minha ideia é fazer Lisboa beneficiar da imagem do mais internacional dos seus poetas, até para mostrar que não temos só o Cristiano Ronaldo e o José Mourinho", sustentou Inês Pedrosa.

No sentido de divulgar a obra pessoana, a escritora aceitara já há cerca de um mês uma proposta da Publifolha, editora do jornal brasileiro Folha de São Paulo, para organizar uma colecção de antologias dos heterónimos de Fernando Pessoa que será distribuída com o jornal ao longo deste ano em que se assinalam os 120 anos do nascimento do poeta.

"Depois desse convite, encarei este, para dirigir a Casa Fernando Pessoa, como um sinal e aceitei porque tenho muito amor por aquela casa, tenho muito amor por Lisboa e aceito tudo quanto seja para divulgar a cultura portuguesa", sublinhou.

A escritora destacou ainda a qualidade da equipa da Casa Fernando Pessoa, classificando-a como "muito empenhada e muito boa".

"Não há dinheiro, mas há boa-vontade e espírito de equipa, o que é muito motivador, porque, depois do trabalho corajoso do Francisco Viegas, não é partir do zero", rematou.

ANC.


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