João Mota, "um libertário" homenageado pela escola onde leccionou 30anos

por Agência LUSA

Uma exposição de fotografia e diversas comunicações marcam a homenagem ao actor e encenador João Mota, na próxima terça-feira, pela Escola Superior de Teatro e Cinema, ESTC, em Lisboa, onde foi professor durante 30 anos.

Actor, encenador e pedagogo, João Mota celebra este ano 50 anos de carreira artística, tendo sido definido pela teatróloga Eugénia Vasques como "um libertário".

"A primeira vez que o nome de João Mota surgiu na ficha de uma peça de teatro foi em 1957, em `Mar` de Miguel Torga, na RTP", lembrou à Lusa Eugénia Vasques, da organização da homenagem.

Todavia, o teatro começara mais cedo na vida de João Mota, quando ainda criança acompanhava a sua irmã, a actriz Teresa Motta, à Emissora Nacional e ao Teatro Nacional Dª Maria II.

"Acompanhava a irmã e acabou por ir sendo convidado. Nesse sentido, participou nos programas infantis de Maria Madalena Patacho e de Irene Dionísio e Noel d`Arriaga", referiu.

O mesmo aconteceu no Teatro Nacional, onde contracenou com Palmira Bastos e Amélia Rey Colaço.

Eugénia Vasques, professora da Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC) e uma das participantes na homenagem, assinalou ainda "que até à sua ida para Paris, para estudar com Peter Brook, teve um percurso igual ao da maioria dos actores portugueses".

"Esteve no Nacional, fez o serviço militar, trabalhou com Ribeirinho e na companhia de Laura Alves", contou.

Na sua opinião, o trabalho de João Mota "diferenciou-se depois de vir de Paris em 1971, quando fundou com Glicínia Quartim, Mário Jacques e Fernanda Alves `Os Bonecreiros` e mais tarde, por divergências ideológicas, `A Comuna - Teatro de Pesquisa` com Manuela de Freitas, Carlos Paulo, Merlim Teixeira e Francisco Pestana".

Paralelamente, João Mota iniciou outro projecto, que mantém até hoje, a Casa da Criança, e que procura, através do teatro, apoiar as crianças de bairros socialmente desfavorecidos.

Esta vertente de "pedagogo é o grande `outro` de João Mota", para quem, realçou, "o teatro é isto tudo, o trabalho de palco e o de solidariedade".

Do ponto de vista artístico, desde o seu regresso de Paris, "o trabalho de João Mota foi sempre completamente ao arrepio do que se fazia em Portugal, mesmo no teatro independente".

A homenagem terá como cenário a ESTC, no Palácio dos Caetanos, ao Bairro Alto em Lisboa, terça-feira, dia 27, a partir das 14:30 com a inauguração de uma exposição de fotografia "dos momentos mais significativos da carreira do João Mota".

Esta exposição, com carácter itinerante, ficará patente a partir de 01 de Maio n`A Comuna, à Palhavã, seguindo depois para outras instituições que já se mostraram interessadas, indicou Eugénia Vasques.

Lida a mensagem internacional do Dia Mundial do Teatro, Eugénia Vasques apresentará o "curriculum vitae" do actor, encenador e pedagogo que de 1972 até 2002 ensinou na ESTC.

José Peixoto falará de Mota enquanto "inventor do teatro- laboratório".

Segundo Eugénia Vasques, "a ideia do teatro-laboratório é formalmente introduzida em Portugal por João Mota".

Álvaro Correia será "a voz dos discípulos", seguindo-se uma alocução do homenageado - "Revisão da matéria dada", e uma intervenção de alunos e professores.

Eugénia Vasques disse ainda à Lusa que "está preparada uma surpresa ao homenageado", que não revelou.

pub