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Jornalista Paulo Pena defende a reinvenção do jornalismo contra a desinformação

por Lusa

O jornalista Paulo Pena, autor de uma série de reportagens no DN sobre `fake news`, ou notícias falsificadas, em Portugal, defendeu hoje que o jornalismo precisa de se reinventar para que "a desinformação não triunfe".

Paulo Pena foi um dos convidados da conferência "Combate às `fake news` - Uma questão democrática", organizado pelas duas agências noticiosas de Portugal e Espanha, Lusa e Efe.

"Para que a desinformação não triunfe, o jornalismo tem de se reinventar. E isso é mais urgente agora do que no passado", afirmou Paulo Pena.

Num painel para debater o jornalismo e o papel das agências noticiosas no combate ao fenómeno, o jornalista do DN quis acabar a sua intervenção com otimismo, apesar de reconhecer que o panorama em Portugal é diferente do exposto, minutos antes pelo jornalista e professor universitário norte-americano Walter Dean.

Para Pena, também em Portugal "mudou a maneira como os cidadãos validam a informação", quando "muitos acreditam em mentiras, mesmo sabendo que são mentiras, apenas porque reforçam as suas convicções".

O mecanismo é simples e levará esse cidadão a pensar que se não gosta "do político A", então acredita que "ele roubou ou é corrupto", descreveu.

Apesar do otimismo, o jornalista do DN descreveu riscos graves.

O facto de "as pessoas validarem a informação e não valorizarem o efeito da mentira, é um risco para os pilares" da democracia.

E se "a liberdade de opinião deixar de se basear em factos, ela deixara de ser útil".

"Este é o melhor pretexto que temos para olhar com seriedade para o jornalismo, para encarar as suas falhas, o seu complexo e grave problema económico, mas também a sua utilidade social", disse.

Paulo Pena falou sobre as suas investigações acerca das `fake news` ou notícias falsificadas, que começou com o `meme` do relógio de alegadamente 20 milhões de euros da líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, que não passou de uma forma de um `site` mostrar como pode manipular a opinião pública.

Quando o autor escreveu isso mesmo no Facebook, os comentários dos seguidores foram como se não tivesse explicado isso mesmo e manteve-se o tom de indignação.

"As pessoas não reparam que ele está a dizer que era uma mentira", disse, comparando este diálogo a "uma conversa na tasca", com pessoas que "usam burqas ou têm uma máscara dos `anonymous` na cara".

As redes sociais, alertou, aproximam-se mais de "tascas" do que o Speakers Corner, em Londres, onde cada um vai expor livremente as suas opiniões.

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