JP Simões termina projeto Bloom com álbum "Do not disturb" hoje editado
O músico JP Simões edita hoje o terceiro e último álbum do projeto Bloom, feito de referências da música anglo-saxónica, numa altura em que planeia o regresso aos trabalhos em nome próprio e com os Belle Chase Hotel.
"Do not disturb", disponível a partir de hoje, encerra uma trilogia iniciada em 2016 com "Tremble like a flower", que inclui também "Drafty Moon", de 2021.
A ligação entre os três é "este projeto paralelo, em inglês e com esta personagem", Nicholas Bloom, através da qual JP Simões escreve e canta em inglês, disse o músico em entrevista à Lusa.
O projeto Bloom, que "tem sido de certa forma mais para prazer pessoal", surgiu da vontade que JP Simões sentiu de "procurar outro tipo de linguagem" e de manter "ligação a determinadas estéticas", ligadas à música que ouvia, nomeadamente em inglês.
"Este projeto começou a ser um pouco aquele onde eu ia fazer convergir todas essas minhas influências, mas sem forçar que essa música que eu tinha sempre ouvido em inglês tivesse que a transformar para cantar na nossa língua. Então ficou o meu projeto anglo-saxónico", recordou.
O primeiro álbum de Bloom "foi feito sob o signo de Nick Drake, e de procurar as formas modernas do chamado folk alternativo". O segundo, que começou a surgiu pouco depois da morte de David Bowie, cresceu muito a partir do último disco do músico inglês, "Blackstar", mas também da sua presença na vida de JP Simões, "enquanto referência musical e não só".
O álbum que é hoje editado é um pouco consequência do primeiro confinamento ditado pela pandemia da covid-19, em março de 2020, período "muito frutuoso" para o músico em termos criativos.
"Grande parte deste disco são temas que foram feitos aí e que foram ficando de lado, de certo modo, a amadurecer. Foi o princípio para construir este disco e fechar este percurso paralelo enquanto músico-compositor Nicholas Bloom", disse.
"Do not disturb" foi o primeiro álbum que gravou em casa e é também o primeiro "sem uma única peça de bateria".
"Acho que as canções conseguiram continuar a ter o seu tom mais pop, salvo seja, mesmo sem precisarem da bateria, que é quase um elemento imprescindível", referiu.
O álbum, em edição de autor, está disponível na página do músico na plataforma `online` Bandcamp, através da qual pode ser também adquirida a versão em CD, que estará à venda nos concertos de apresentação, marcados para 15 de janeiro no Porto, no Maus Hábitos, e 22 de janeiro em Lisboa, na Galeria Zé dos Bois.
Olhando para trás, JP Simões sente que aprendeu "bastante com os três discos, em termos de composição" e agora gostaria "de aplicar isso a futuros trabalhos".
Bloom começou numa altura em que o músico se sentia "um pouco esvaziado" do trabalho em nome próprio. JP Simões editou a solo dois álbuns de originais, "1970", em 2006, e "Boato", em 2009.
"Cheguei a uma altura em que fiquei um bocadinho dececionado. Senti que não tinha muito mais a dizer. Então abri este processo paralelo, de Nicholas Bloom, para ir fazendo outro tipo de música", partilhou.
Mas do mesmo modo que essa necessidade surgiu, JP Simões sente agora "vontade de meter de novo mãos à obra no desafio de recomeçar" o seu trabalho em nome próprio "e começar a escrever coisas em português".
Além do regresso à carreira a solo, enquanto JP Simões, 2026 será também um regresso aos Belle Chase Hotel, banda formada em 1995 em Coimbra, cidade da qual o músico é originário.
A banda começa em janeiro a trabalhar num novo álbum, sucessor de "Fossanova" (1998) e "La Toilette Des Étoiles" (2000), disse o músico à Lusa.