Kriol Jazz Festival regressa à capital de Cabo Verde com artistas de oito países

por Lusa

O Kriol Jazz Festival (KJF) vai regressar à cidade da Praia em abril, quatro anos depois, com artistas de oito países, incluindo Cabo Verde, e a organização prometeu hoje um evento "de alto nível", mesmo com limitações financeiras.

"Vamos retomar este ano, com um orçamento mais reduzido do que o costume, mas suficiente para conseguirmos fazer um festival de alto nível", prometeu, em conferência de imprensa, José "Djô" da Silva, dono da Harmonia, na apresentação do festival, que decorre entre 13 e 15 de abril, organizado em parceria com a Câmara Municipal da Praia.

Segundo avançou o vereador da Cultura da autarquia da capital de Cabo Verde, Jorge Garcia, o KFJ deste ano terá um orçamento de cerca de 30 milhões de escudos cabo-verdianos (cerca de 272 mil euros).

"E volta igual a si mesmo, eu seja, com o intuito de trazer mais música para Cabo Verde e promover a música inspirada no crioulo de todas as ilhas, seja no Caribe, oceano Índico, Cabo Verde ou África, berço do crioulo", frisou o autarca.

Depois de uma aposta na lusofonia na anterior edição, em 2019, este ano, na 12.ª edição, "Djô" da Silva avançou que o critério para a escolha dos artistas é o mesmo de sempre, ou seja, promover a crioulidade, com artistas da costa de África, latinos, americanos e europeus.

Para esta edição, há artistas e grupos de oito países, incluindo Cabo Verde. Para o primeiro dia, com entrada gratuita, vão subir ao palco na Pracinha da Escola Grande, no Plateau, centro histórico da Praia, a Orquestra Baobab (Senegal) e Pamela Bagadjogo (Gabão).

No segundo dia, com entrada paga, a abertura estará a cargo do cabo-verdiano Tcheka, seguido de Roosevelt Collier (Estados Unidos da América), Luedji Luna (Brasil) e Bamba Wassoulou (Mali), enquanto no terceiro e último dia, também pago, terá atuações de Lucibela (Cabo Verde), Dee Dee Bridgewater (Estados Unidos), Asa (Nigéria) e Doctor Prats (Espanha).

Este ano, e ao contrário das edições anteriores, não haverá a tradicional Zona Kriol, com entrada gratuita, e que leva a música a um dos bairros mais periféricos da cidade da Praia.

O produtor e dono da Harmonia disse que por causa disso há menos quatro artistas no cartaz, o que o torna mais reduzido, justificando com as limitações económicas, mas promete repor esta oferta no próximo ano.

Também ainda não há decisão sobre uma possível extensão à ilha de São Vicente, tal como em edições anteriores, com "Djô" da Silva a explicar que a autarquia local ainda não mostrou interesse nesse sentido. "Mas é possível", perspetivou o responsável.

Após um interregno de três anos devido à pandemia de covid-19, o produtor disse que isso poderia prejudicar o festival, mas como já tem um nome grande no mercado internacional as pessoas não esqueceram.

"E vimos isso porque logo que começamos a fazer contactos para este ano, toda a gente mostrou-se aberto, e continuou a haver muita procura pelo festival. Temos propostas de todas as zonas, de vários países, e isso quer dizer que o festival ainda está na memória das pessoas", afirmou o responsável, apelando à adesão do público.

Em 2014, o Kriol Jazz Festival foi nomeado pela revista Songlines como um dos melhores 25 festivais do mundo, e já é parte do calendário cultural e turístico da cidade da Praia e de Cabo Verde, tendo colocado o país na rota da `world music`.

A 12.ª edição deste que é um dos mais emblemáticos festivais do continente africano vai homenagear o arquiteto e músico cabo-verdiano Frederico "Nhonho" Hopffer Almada, que morreu em 01 de janeiro, na cidade da Praia, aos 66 anos.

Quanto ao preço dos bilhetes, que ficarão à venda a partir de hoje, será de 3.000 mil escudos (27 euros) só para um dia, enquanto quem comprar para os dois dias pagará 5.000 escudos (45 euros).

O primeiro dia do KJF vai coincidir com o fim do Atlantic Music Expo (AME), a maior feira de música de Cabo Verde, lançado em 2013 pelo Ministério da Cultura de Cabo Verde e assumido em 2018 pela Associação Cabo Verde Cultural (ACVC).

Este ano o evento acontece entre 10 e 13 de abril, também no centro histórico da cidade da Praia, reunindo centenas de participantes, desde artistas, músicos, produtores, empresários, jornalistas, diretores de festivais, agentes, para mostrarem os seus trabalhos e refletirem sobre o mercado da música.

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