Lenda do jazz Chick Corea morreu aos 79 anos

O lendário pianista e compositor de jazz Chick Corea morreu aos 79 anos, vítima de uma forma rara de cancro, deixando a “esperança” de que o Mundo venha a ter ainda “mais arte e diversão”.

Mário Aleixo - RTP /
Chick Corea, lenda do jazz Maciej Kulczynski - EPA

Numa mensagem de despedida divulgada pela família do músico através do seu site, Armando Anthony Chick Corea agradece aos “formidáveis amigos músicos" que o ajudaram a cumprir “a missão de levar a alegria da criação a todos os lugares possíveis”.

Ter alcançado esta missão juntamente com os artistas que admiro tanto, esta foi a riqueza da minha vida”, escreve Corea, que morreu na terça-feira, dia 9 de fevereiro.

Pianista e compositor, surge entre os precursores do jazz de fusão, desde o final dos anos 1960, quando sucedeu a Herbie Hancock, nos agrupamentos do trompetista Miles Davis - com quem trabalhou num dos mais famosos albuns de Jazz de todos os tempos, Bitches Brew – tendo colaborado com músicos como Dave Holland e Jack DeJohnette, cruzando "free jazz", improvisação e elementos vindos do "rock'n'roll".

Ao longo de meio século, Chick Corea explorou sempre distintas áreas musicais e as suas zonas de fronteira, e manteve o trabalho com músicos de diferentes expressões. Destaca-se, neste aspeto, o dueto com o pianista austríaco de raiz clássica Friedrich Gulda ou a escolha de peças do compositor húngaro Béla Bartók, para o seu repertório.

Com ascendência espanhola, apelou ao "Concerto de Aranjuez", de Joaquín Rodrigo, para o prelúdio de uma das suas mais conhecidas obras, "Spain", e reuniu influências latino-americanas em "My Spanish Heart".

Na mensagem de despedida, Corea não mencionou alguns dos grandes nomes da música com quem trabalhou, mas a carreira de mais de meio século rendeu-lhe 23 prémios musicais Grammy.

O seu último álbum, Plays, de 2020, é um testemunho ao virtuosismo e ecletismo de Corea, dentro de estilos que ajudou a tornar incontornáveis, como o Jazz bebop, e até música clássica.

De acordo com a família, a forma rara de cancro que vitimou o lendário músico foi descoberta “muito recentemente”.
Palavras de esperança
Apesar de “ele ser o primeiro a dizer que a sua música dizia mais do que alguma vez as palavras conseguiriam”, refere a família, Corea quis deixar umas últimas palavras aos seus amigos e pessoas amadas.

É minha esperança que todos os que tenham inspiração para escrever, tocar, interpretar ou outro o façam”, diz Corea na sua última mensagem.

Se não por vocês, então façam-no pelo resto de nós. Não se trata apenas de o mundo precisar de mais artistas, também é muito divertido”, escreveu o pianista.

Ao longo da carreira, Chick Corea somou diversas de atuações em Portugal, entre Lisboa e Porto, Cascais, Funchal, Faro, tendo atuado na casa da Música, nos Coliseus e em diferentes edições do Jazz em Agosto, da Fundação Calouste Gulbenkian, assim como no antigo festival Seixal Jazz.

Entre os seus últimos concertos em Portugal está também a participação no Algarve Jazz, em 2009, no mesmo ano em que foi cabeça de cartaz no Estoril Jazz.

c/ agências
Tópicos
PUB