Livro de Herberto Helder entre os melhores publicados em Espanha
"O el poema continuo", a tradução castelhana de "Ou o poema contínuo", do poeta português Herberto Hélder, é um dos "melhores livros de poesia publicados em Espanha" em 2006, na avaliação de dois críticos literários do El Pais.
"Um nome essencial da modernidade poética portuguesa é o de Herberto Helder", autor de uma "poesia difícil, mas não ilegível e menos ainda de um hermetismo insolúvel", escreve no jornal madrileno o crítico Antonio Ortega.
São "notas sustenidas de uma partitura que reclama o espaço e o som pleno da totalidade, uma matéria-prima de sonhos, artérias, sensações e significados", qualifica Ortega.
Na opinião do crítico, Herberto Helder reúne nesta "súmula poética" a "mágica violência da sua escrita, essa profundidade a que muitos são incapazes de chegar".
Relativamente à tradução, de uma "musical fidelidade", de Jesus Munárriz, Ortega observa ser "impossível não sair [da leitura do livro] com um sentimento de inquietude, não ver as palavras, quase tocá-las".
Além desta antologia, que reúne sob novo título a poesia de Herberto Helder - o título anterior era "Poesia Toda" -, foram incluídas na lista dos melhores livros de poesia as seguintes traduções:"Todos nosotros", do norte-americano Raymond Carver, mais conhecido em Portugal como contista, e "Autorretrato en espejo convexo", "Secretos chinos" e "Por donde vagaré", do também norte- americano John Ashbery.
A lista, em cuja elaboração participou também o crítico Ángel L. Prieto de Paula, completa-se com três livros de outros tantos poetas espanhóis: ""Fuente de Médicis", de Guillermo Carnero, "Y todos estábamos vivos", de Olvido García Valdés, e "Los hijos de los hijos de la ira", de Ben Clark.
Nascido no Funchal em 1930, Herberto Hélder é autor de uma vasta obra poética iniciada em 1958 com "O amor em visita" e em que se destacam títulos como "O Bebedor Nocturno", "Vocação animal", "Cobra", "Photomaton & Vox" e "A cabeça entre as mãos".
O seu até agora único livro de contos, "Os passos em volta", é por muitos considerado um dos mais belos já escritos em língua portuguesa.