Macau prepara primeira grande mostra individual de Helena Almeida na Ásia
O Governo de Macau anunciou hoje a inauguração de uma exposição de artistas chineses, convidados a interagir com a obra de Helena Almeida (1934-2018), em antecipando a primeira grande mostra individual da portuguesa na Ásia.
Num comunicado, o Instituto Cultural (IC) da região semiautónoma chinesa anunciou que a exposição "Ressonância -- Corpo . Objeto . Reflexão" vai estar patente no Museu de Arte de Macau de sexta-feira até 26 de abril.
A mostra reúne "trabalhos recentemente encomendados" de seis artistas de Macau e da China continental, convidados "a fomentar um diálogo que transcende o tempo e o espaço" com Helena Almeida, referiu o IC.
No comunicado dá-se como exemplo os desenhos de Erica Min Han, artista chinesa radicada em Londres, que "dão continuidade à reflexão de Helena Almeida sobre a presença do corpo".
Por seu turno, a obra do chinês Gao Fuyan "A Grade da Mente", bordada com cabelo sobre papel, "espelha remotamente o conceito de Helena Almeida do corpo como instrumento", disse o IC.
Já a também chinesa Sun Xiaoyu "adota o azul de Helena Almeida para expandir o diálogo visual sobre a existência e as suas fronteiras através da prática estética oriental de dissolver o eu no objeto", refere-se na nota.
O IC sublinhou que com esta mostra pretende-se "reforçar o intercâmbio de arte contemporânea" e o "diálogo cultural" entre a China e Portugal, preparando o caminho para a grande retrospetiva.
"Helena Almeida: Estou Aqui -- Presença e Ressonância" será inaugurada no início de 2026, com cerca de 42 conjuntos compostos por 190 peças da artista portuguesa, revela-se no comunicado.
Nascida em Lisboa, em 1934, Helena Almeida criou, a partir dos anos 1960, uma obra multifacetada, dando origem a uma obra que se destacou pela autorrepresentação, refletindo sobre as relações de tensão entre o corpo, o espaço e a obra.
Usou o seu corpo como suporte e objeto de criação, utilizando a pintura, a fotografia, a gravura, a instalação e o vídeo.
Helena Almeida estudou pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, começando a expor individualmente em 1967, na Galeria Buchholz.
A artista representou Portugal na Bienal de Veneza por duas ocasiões: em 1982 e em 2005, e em 2004 participou na Bienal de Sidney, tendo a sua obra sido exibida no âmbito de mostras individuais e coletivas em museus e galerias nacionais e internacionais.
Em 2015, apresentou uma exposição individual itinerante Corpus na Fundação de Serralves (2015), no Porto, em Paris (2016), em Bruxelas (2016) e Valência (2017).
Apresentou igualmente, em 2017, uma exposição individual "Work is never finished" no Art Institute, em Chicago, nos Estados Unidos.
A sua obra está presente em coleções portuguesas e internacionais como: Coleção Berardo, Lisboa; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Fundação de Serralves, Porto; Hara Museum of Contemporary Art, Tóquio; Museu de Arte Contemporânea de Barcelona; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid; MUDAM - Musée d`Art Moderne Grand-Duc Jean, Luxemburgo; Tate Modern, Londres.