Manuel Cargaleiro diz que as obras de Miró devem ficar em Portugal
Vila Velha de Ródão, 25 abr (Lusa) - O pintor e ceramista Manuel Cargaleiro defendeu hoje, em declarações à agência Lusa, que as obras de Miró do espólio do BPN, devem ficar em Portugal pela importância história e artística do autor.
" A minha opinião é essa. Os quadros [de Miró] devem ficar em Portugal", disse o mestre Manuel Cargaleiro, em Vila Velha de Ródão, onde se deslocou para participar numa homenagem que a câmara local lhe fez, com a atribuição do seu nome a uma rua.
Sobre a coleção Miró, Manuel Cargaleiro explicou ainda que se tem "recusado" a falar sobre o assunto, porque não se quer "meter em alhadas".
No entanto, "sou um pintor e sou um grande admirador do Miró", afirmou Cargaleiro, que conheceu o mestre catalão em Paris, onde fixou residência em 1957.
"Estive em inaugurações de exposições em Paris com o Miró. Mas não é por isso, é pela sua obra. Porque Miró é o criador e inventor da arte moderna mundial", sublinhou Manuel Cargaleiro.
Na quinta-feira, o Ministério Público (MP) anunciou, em comunicado, que interpôs uma terceira providência cautelar no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa (TACL), para impedir a venda das obras de Miró e que esta foi aceite.
Em causa está a intenção da empresa Parvalorem, uma sociedade anónima de capitais públicos criada em 2010 pelo Estado para gerir os ativos e recuperar créditos do ex-BPN, de vender a coleção num leilão para amortizar o prejuízo da instituição bancária.
O leilão das 85 obras de Joan Miró, património do ex-Banco Português de Negócios (BPN), nacionalizado em 2008, e desde então na posse do Estado português, está anunciado para junho, em Londres.
A coleção, com um valor base de licitação de 35 milhões de euros, regressou ao país no final de fevereiro e, segundo a Parvalorem, encontra-se nos cofres-fortes da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa.
Numa nota à imprensa divulgada quinta-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que "pediu o decretamento provisório dessa providência cautelar, com o objetivo de evitar a amplamente noticiada saída das obras do país até ao final do mês de abril" e que "a medida provisória foi decretada pelo tribunal", o que impede a venda das obras.