Marcelo elogia "poética de interrogação e esperança" Adélia Prado
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, elogiou hoje a "poética de interrogação, mas de esperança" de Adélia Prado, que qualificou como "uma figura excecional da língua portuguesa".
Marcelo Rebelo de Sousa discursava na cerimónia de entrega do Prémio Camões de 2024 a Adélia Prado, que se fez representar pelo seu filho Eugênio, no Palácio Itamaraty, em Brasília, na presença do Presidente do Brasil, Lula da Silva, e do primeiro-ministro português, Luís Montenegro.
O Presidente português considerou que Adélia Prado "retrata aquilo que é um humanismo cristão, com uma poética de interrogação, mas de esperança".
Adélia "é o Brasil sacroprofano, é o Brasil de fundo cristão", não "na base da exclusão, da intolerância", mas "na base da inclusão", afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa felicitou o júri "pela coragem deste prémio" com o nome de Camões, que "quer dizer poesia intemporal".
Segundo o chefe de Estado, "Adélia, sendo tão temporal, tão ligada ao concreto, é intemporal, e sendo portadora da esperança cristã, viu a miséria do mundo, mas afirmou a esperança num mundo melhor", como "profeta do futuro".
Marcelo Rebelo de Sousa contou que teve ocasião de felicitar a escritora por telefone por este prémio e ouviu "uma mulher humilde".
"Mas todos os excecionais são humildes", comentou.
"Adélia é excecional, por isso mereceu o Prémio Camões, uma figura excecional da língua portuguesa", concluiu o Presidente português.
Adélia Prado, nascida em Divinópolis, Minas Gerais, em 1935, foi professora e estreou-se como autora em 1976, já com 40 anos, com o livro de poesia "Bagagem", apadrinhada por Carlos Drummond de Andrade.
Escreveu sobretudo poesia, mas também prosa. "O Coração Disparado", distinguido com o Prémio Jabuti de Literatura, "Terra de Santa Cruz" e "Solte os Cachorros" são algumas das suas obras.