Maria Callas morreu há 30 anos
Maria Callas, a mais célebre cantora de ópera da segunda metade do século XX, morreu em Paris faz domingo 30 anos, data que será assinalada com várias homenagens.
A soprano, que foi baptizada com o nome de Maria Kalogeropoulos, morreu a 16 de Setembro de 1977, em Paris, aos 53 anos.
Nascida a 2 de Dezembro de 1923, em Nova Iorque, filha de emigrantes da Grécia, Maria Kalogeropoulos começou a estudar no Conservatório de Atenas em 1937, depois do divórcio dos pais e de ter regressado ao país de origem destes com a mãe.
Em 1938, com o nome de Maria Callas, interpretou o papel de Santuzza, na Cavalleria Rusticana, de Mascagni.
A sua carreira começou a afirmar-se em 1947, sob a direcção do maestro Tullio Serafin, e no ano seguinte casou com o empresário Giovanni Battista Meneghini, que se tornou seu agente.
Nos início dos anos 50, Callas substitui Renata Tebaldi na "Aida", de Verdi, no La Scala de Milão.
Transformada já numa cantora elegante, Callas, que emagreceu perto de 40 quilos, tem na década de 50 as suas mais importantes actuações, aliando à sua voz única uma presença dramática até então pouco habitual.
Uma das óperas em que mais se destaca é "La Traviata", de Verdi. Cantou-a em 1955 no La Scala, numa encenação de Lucchino Visconti, e na sua única actuação no palco do São Carlos, em 1958.
Fora dos palcos, a vida de Callas suscitou tanta atenção como a sua carreira.
Em 1959, conhece o armador grego Aristóteles Onassis e separa-se de Menighini. A união e posterior separação do milionário (que casou em 1968 com Jackie Kennedy) fizeram as delícias dos jornais de escândalos.
Ao longo dos anos 60, a voz de Callas começa a perder qualidade.
Em Maio de 1965, a cantora fraqueja durante uma representação do terceiro acto de "Norma" na Ópera de Paris, em Julho, no Covent Garden, faz a sua última aparição, em palco, numa ópera, a "Tosca" - e, a partir de então, progressivamente, retira-se dos palcos.
Viria a morrer no seu apartamento de Paris, onde vivia isolada do mundo desde 1974 e passava o tempo a ouvir muitos dos seus discos.
"Primeiro perdi peso, depois perdi a voz e por fim perdi Onassis", terá dito, com ironia.
Para assinalar os 30 anos do desaparecimento de Callas, a etiqueta discográfica EMI vai lançar a partir de finais do mês uma caixa com 69 CD reunindo pela primeira vez todas as gravações em estúdio da soprano, incluindo as realizadas para a italiana Cetra no início da sua carreira.
Uma outra discográfica, a Naxos, também vai editar um conjunto de 24 discos com gravações dos anos 50.
Dois dos grandes teatros líricos da Europa, o La Scala de Milão e a Ópera de Paris, vão homenagear a memória de Maria Callas nos próximos dias com várias actividades.
No La Scala será apresentado um documentário e haverá duas exposições, com trajes usados em cena pela cantora e fotografias nos bastidores.
Na Ópera de Paris, será exibido o mesmo documentário de Phillippe Kohly e apresentada uma selecção de imagens de arquivo que permitem ver Callas a actuar em Paris em 1958 e mais tarde (em 1965) quando a sua carreira já se aproximava do fim.
A Grécia tem promovido ao longo do ano uma série de recitais de homenagem à "sua cantora" e no domingo à noite centenas de pessoas puderam ouvir num concerto, em Atenas, algumas das árias que Maria Callas tornou imortais.