Mário Soares assistiu ao ensaio geral da peça, encenada por João Lourenço, da autoria de Michael Frayn e que se baseia na vida política do antigo primeiro-ministro alemão (entre 1969 e 1974) Willy Brandt.

"Democracia" resulta das relações políticas entre o ex-primeiro-ministro alemão (interpretado por Virgílio Castelo) e o seu antigo chefe de gabinete Günter Guillaume, que foi preso - e condenado a 13 anos de prisão - por pertencer aos serviços secretos da antiga República Democrática Alemã (RDA), o que levou à demissão de Brandt.

A dramaturgia da peça pertence a Vera San Payo de Lemos e o cenário a Henrique Cayatte e João Lourenço, pertencendo a responsabilidade dos figurinos a Maria Gonzaga.

"Willy Brandt foi um gigante do século XX, uma das dez personalidades que marcaram o último século", afirmou Mário Soares, adiantando que o ex-primeiro-ministro alemão que lhe sucedeu, Helmut Schmidt, "foi sobretudo um executivo na sua responsabilidade de chefe de Governo".

O ex-Presidente da República disse ainda que foi dos últimos estadistas europeus a visitar Willy Brandt (que faleceu em 1992) enquanto primeiro-ministro da República Federal Alemã, a 02 de Maio de 1974.

"O 25 de Abril tinha acontecido há poucos dias e o general Spínola (Presidente da República na altura) nomeou- me para explicar a revolução em toda a Europa", recordou o ex-primeiro-ministro socialista.

Segundo Soares, "hoje em dia, é cada vez mais difícil indicar gigantes na política internacional, tal como Willy Brandt".

"Há o papa João Paulo II, uma personalidade ímpar, o presidente Lula da Silva, que tem grande projecção na América do Sul, e o antigo chefe de Estado da África do Sul Nelson Mandela", referiu o ex-presidente da República.