Maurice Béjart aproximou a sua arte do "grande público"

Genebra, 22 Nov (Lusa) - O coreógrafo francês Maurice Béjart, hoje falecido, aos 80 anos, foi um dos nomes cimeiros da dança contemporânea, tendo apostado ao longo da sua carreira na aproximação desta arte ao "grande público".

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Nascido a 01 de Janeiro de 1927 em Marselha, Maurice Berger, de seu nome de baptismo (adoptaria mais tarde, em homenagem a Molière, o patronímico da mulher do dramaturgo, Armando Béjart), formou-se em Filosofia mas abandonou os estudos para se consagrar, a conselho médico, à dança.

Em Londres e depois em Paris fez a sua formação clássica e assinou a sua primeira coreografia em 1952, para o filme sueco "Pássaro de fogo", de que foi um dos principais intérpretes.

Inconformado com o que descrevia como uma arte - a do bailado - "separada das massas", Maurice Béjart inova com "Symphonie pour un homme seul" (1955), sobre a música de vanguarda de Pierre Henry e Pierre Schaeffer.

A dança, com ele, torna-se física, sensual, o que desagrada aos círculos tradicionais. Béjart não aceita a rejeição e parte para Bruxelas, onde o seu bailado "Sagração da Primavera" tem um acolhimento triunfal no Théâtre royal de la Monnaie (TRM).

Um ano mais tarde, funda os "Ballets du XXème siècle", grupo à frente do qual soma êxito após êxito, não apenas na capital belga mas no estrangeiro.

Das coreografias que ao longo dos anos assinou tiveram especial repercussão "Boléro" (1960), a "IXème symphonie", de Beethoven (1964), "Roméo et Juliette" (1966), "Messe pour le temps présent" (1967) e "Malraux" (1986).

Na sequência de um "braço de ferro" com o director do TRM, Gérard Mortier, Maurice Béjart prosseguiu a sua aventura coreográfica na Suíça em 1987 com a sua companhia, rebaptizada Béjart Ballet Lausanne, e em seguida com o Rudra Béjart Ballet (1992).Abriu igualmente escolas em Dacar e em Bruxelas.

As suas criações nos últimos anos ganharam em ambição, e em dimensão, como nos casos de "Ring um den Ring" (1990), sobre música de Wagner, e "MutationX" (1998).

De mais recente data são "Mère Teresa et les enfants du monde" (2002), "Ciao Federico" (Fellini, en 2003), e "Zarathoustra" (2006).

Em 2004 a companhia de Béjart actuou em Portugal.

Maurice Béjart foi distinguido com a Ordem do Sol Nascente (1986) pelo imperador japonês Hirohito, nomeado Grande Oficial da Coroa (1988) pelo rei belga Balduíno, e eleito em 1994 membro da Academia (francesa) das Belas Artes.

RMM.


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